A vereadora Eliza Virgínia (PP) foi quarta oradora na sessão desta terça-feira (02)

por Clarisse Oliveira — publicado 01/04/2019 21h00, última modificação 29/06/2019 00h22

A vereadora Eliza Virgínia (PP) usou seu pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na sessão ordinária desta terça-feira (2), para falar dos 55 anos do início do Regime Militar e do cuidado que os estudantes e pais de alunos devem ter com possíveis doutrinações em sala de aula.

“Eu tinha que fazer essa fala relembrando o dia 31 de março, porque estamos passando por um momento em que uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, afirmou a parlamentar, após mostrar vídeo de Fernando Gabeira afirmando que no período da Ditadura Militar os chamados guerrilheiros não lutavam por democracia, e sim pela ditadura do proletariado. “Temos que fazer com que isso seja dito, esclarecido e que venham à tona todas as verdades de todos os lados. Lamentamos os erros ocorridos nesse período, as mortes, mas a verdade tem que ser dita”, completou.

A parlamentar leu parte de uma carta de Noel Burstoff intitulada de 'Não se Apaga a História'. Do texto, Eliza ressaltou que, durante o Regime Militar, o Brasil despontou como uma potência, desde a economia até à infraestrutura, e após 21 anos o poder foi devolvido aos civis de forma pacífica. A parlamentar ainda leu uma citação atribuída ao 'guerrilheiro' Eduardo Jorge que, segundo ela, confirma a luta pela ditadura do proletariado e que coisas ruins também aconteceram no campo da esquerda, até piores que no Regime Militar.

“Nossas escolas estão eivadas de mentiras ou meias verdades do que foi aquele tempo, e nós precisamos lutar para que todas as verdades sejam ditas, tanto da esquerda, quanto da direita, sem encobri-las. As pessoas precisam ter a oportunidade de ir de encontro aos seus professores. Desvio de fala de professor dentro de sala de aula não é apenas uma questão moral e ética, mas também corrupção”, afirmou. Ela acrescentou ainda que é inadmissível que os professores usem da audiência cativa dos alunos para doutriná-los a participar de movimentações de ruas, por exemplo.

Apartes

O vereador Marcos Henriques (PT) discordou da vereadora Eliza Virgínia. “A senhora deveria estar falando isso para as centenas de milhares de vítimas que estão desaparecidas até hoje, para as mulheres que tiveram ratazanas introduzidas nas suas vaginas, para as pessoas que tiveram suas unhas arrancadas na tortura pelos militares. Está claro que o período foi um cerceamento dos direitos humanos e, por conta da conjuntura militar, querem rediscutir a face mais sombria da nossa história. É algo que nunca esperei escutar. As pessoas queriam apenas liberdade, nunca houve comunismo no Brasil”, afirmou.

“Há muito tempo se demonizou a ação do Regime Militar. Pode ser que esses absurdos trazidos pelo vereador [Marcos Henriques] tenham acontecido, e ninguém aqui concordaria com isso. Foi preciso uma força contrária a uma estrutura de poder, naquele momento, para tomar de assalto a verdadeira democracia. É por isso que hoje se exalta o dia 31 de março. Era preciso, sim, uma força militar para repugnar qualquer poder comunista que viesse a tomar conta do nosso Brasil. O Regime Militar aconteceu, graças a Deus e a esses homens, que ocuparam o poder de forma democrática. Não morreu uma pessoa com a presidência do Regime Militar, nem em sua consequência”, declarou o vereador Carlão (DC).