Câmara de João Pessoa aprova Voto de Repúdio ao artista plástico Kai

por Haryson Alves — publicado 08/05/2018 21h00, última modificação 03/07/2019 10h12
Thiago Lucena (PMN), Eliza Virgínia (PP), Raíssa Lacerda (PSD) e Carlão (PSDC), autores da proposta, entenderam que haveria desrespeito a ideais Cristãos em trabalhos expostos na mostra Suis Generis

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) aprovou um Voto de Repúdio ao artista plástico Kai (Lucas Gomes), devido a alguns de seus desenhos, que integravam a exposição coletiva de arte visual “Sui Generis”, à mostra na Galeria Alexandre Filho, na Usina Cultural Energisa, desde o último dia 3. A autoria da propositura é dos vereadores Eliza Virgínia (PP), Thiago Lucena (PMN), Carlão (PSDC) e Raíssa Lacerda (PSD), que entenderam o trabalho do artista como um desrespeito a ideais Cristãos, ao fundir imagens de corpos nus a simbolismos religiosos, em aquarela.

Durante votação, em plenário, o Voto de Repúdio recebeu aprovação da maioria dos parlamentares presentes, com apenas um voto contrário, do vereador Tibério Limeira (PSB). Na justificativa do Voto, consta que imagens do artista teriam conteúdo depreciativo, pornográfico, desonra à Sagrada Eucaristia, às passagens bíblicas e vilipêndio a imagens sacras. Além disso, o documento também informa que a exposição não teria classificação etária indicativa.

“Agradeço a todos os meus pares pela aprovação do Voto de Repúdio à exposição. Estamos vivendo uma inversão de valores. Isso é um ataque. Esse artista vilipendia um texto sagrado conhecido mundialmente. É uma afronta à família brasileira”, declarou Eliza Virgínia.

Por sua vez, Carlão salientou que nádegas representadas como hóstias consagradas em uma das obras de Kai seria algo violento e questionou: “Ouço pessoas dizerem que a livre expressão de ideias deve ser respeitada, mas indago se a fé Cristã não deve ser respeitada também?”.

“Não confudamos liberdade com falta de respeito. Esse artista, pra ter dois minutos de fama, usou de um trabalho que acabou tendo uma repercussão negativa”, opinou Raíssa Lacerda, lamentando que a mostra não tivesse estipulado uma idade mínima para prestigiar a exposição.

Em contrapartida, Tibério Limeira pediu ponderação com o trato que os parlamentares da Casa Napoleão Laureano estavam dando às expressões inerentes à arte. “Essa ofensiva moralista é perigosa para o momento em que o País vive. Sinto-me desconfortável com esse tipo de debate, pois é lamentável nos determos nisso, quando deveríamos tratar de assuntos mais relevantes para a população de João Pessoa”, contestou.

A Energisa esclareceu, por nota, que solicitou à curadoria da Usina Cultural ajustes na montagem da mostra, de forma a adequá-la ao Guia Prático de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, recomendando o acesso apenas aos maiores de 12 anos. Para cumprir a recomendação, a curadoria inseriu a sinalização classificativa de faixa etária na entrada da exposição, treinou os monitores para orientar os visitantes e também realizou a readequação dos trabalhos expostos, com a retirada de três desenhos, com o objetivo de harmonizar o conjunto ao espaço da galeria.