Centro Cultural da CMJP expõe ‘Deserto’, do fotógrafo social Walmar Pessoa
O Centro Cultural da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) abriga, até a próxima terça-feira (1º), a Exposição ‘Deserto’, do fotógrafo social Walmar Pessoa. Com 33 imagens que retratam moradores de rua da Capital paraibana, o artista busca conscientizar o Poder Público sobre essa questão social.
“Essa exposição é um meio de trazer a realidade dos moradores de rua para essa Casa. Na verdade, levantar essa questão social tão delicada e real. As próprias imagens vão demonstrar a realidade, que encontramos no cotidiano da nossa cidade, principalmente pela noite, período em que é possível encontrar um maior aglomerado dessas pessoas”, revelou o artista.
A diretora do Centro Cultural, Márcia Gadelha, destacou que a iniciativa partiu do vereador Bosquinho (PSC), que viu a exposição, “se encantou e solicitou que a mostra viesse para o Centro Cultural”. “É uma exposição maravilhosa e triste ao mesmo tempo. É maravilhosa pela estética das telas, com material de qualidade, mas é triste porque retrata uma realidade social muito difícil. A exposição está em uma casa política, e é interessante o desenvolvimento de políticas públicas para atender essa população, que está em situação de vulnerabilidade social”, declarou Márcia Gadelha. A diretora acrescentou que o Centro Cultural está considerando abrir uma discussão acerca do tema, e convidou a população para conferir a exposição, das 8h às 14h, até a próxima terça-feira (1º).
Deserto
Sobre o nome da exposição, Walmar Pessoa disse que ‘Deserto’ representa bem esse universo [dos moradores de rua] e transmite a questão de viver perdido no mundo, sem identidade e sem visibilidade. “Um verdadeiro deserto social e de alma. Em conversa com alguns moradores de rua, eles relatam a sensação de serem invisíveis, porque as pessoas não os enxergam. Ainda existe uma visão mais cristã, ligada a Jesus, que passou pelo deserto, teve uma vida de peregrinação”, ressaltou o fotógrafo.
Ainda de acordo com o artista, a exposição surgiu de uma parceria com o projeto social ‘Pão Nosso de Cada Dia’, desenvolvido em João Pessoa pelo padre Glênio Guimarães, da Arquidiocese da Paraíba. “Padre Glênio não assumiu uma paróquia para incumbir-se da responsabilidade com os moradores de rua, como se a paróquia dele fosse a rua. Através desse projeto, comecei a conviver com essa realidade e a retratá-la. A princípio veio o desejo de sensibilizar a sociedade sobre esta questão, que foi exposta na Livraria do Luís, mas ao trazer a exposição para esta Casa, procuramos conscientizar o Poder Público e as pessoas ligadas às leis sobre essa questão”, afirmou.
Embora trabalhe profissionalmente na área de tecnologia, o artista disse que foi arrebatado pela fotografia e, em seguida, por causas sociais. Outra causa social fotografada pelo artista é a questão da microcefalia, retratada na exposição ‘Anjos no Ninho’, ativa no Fórum Cível da Capital, na Avenida João Machado, e em Campina Grande. O universo de crianças com câncer também chamou a atenção do artista, que passou um período no Hospital Napoleão Laureano fotografando os diversos setores da instituição, mas ainda sem exposição prevista.
“Quando você está aberto para as situações, as coisas vão surgindo. Estive aqui na Câmara fotografando um homenageado, em uma sessão do vereador Bosquinho, e acabei criando pontes e conhecendo pessoas. Após a temporada da Livraria do Luís, fui convidado para expor aqui no Centro Cultural. É a providência divina que faz com que as coisas vão acontecendo”, refletiu.