CMJP aprova por unanimidade o projeto da Lei Lucas Santos

por Damião Rodrigues — publicado 17/08/2021 12h55, última modificação 17/08/2021 14h31
Colaboradores: Foto: Olenildo Nascimento
A norma criará um Calendário Psicossocial Multidisciplinar para acompanhar a saúde mental das crianças e adolescentes nos âmbitos da rede de ensino, assistência social e saúde básica

Na sessão ordinária híbrida da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), desta terça-feira (17), foi aprovado o Projeto de Lei Ordinária (PLO), proposto pelo vereador Marmuthe Cavalcanti (PSL), que cria um Calendário Psicossocial Multidisciplinar para acompanhar a saúde mental das crianças e adolescentes nos âmbitos da rede de ensino, assistência social e saúde básica, da capital paraibana. 

O PL 573/2021, denominado de Lei Lucas Santos, estabelece que o Calendário Psicossocial deve reunir uma equipe multiprofissional com o objetivo de melhorar a qualidade de vida; auxiliar a superação de traumas ou entraves psicológicos; facilitar a interação social e convívio coletivo; fortalecer vínculos familiares e comunitários; fomentar o autoconhecimento e controle para que se evite o desenvolvimento de doenças da psiquê. 

De acordo com o documento, o calendário psicossocial deverá ser publicizado e conter dias destinados ao atendimento, horários e serviços disponíveis para as crianças e adolescentes organizados em faixas etárias – primeira infância (até 6 anos), infância (até os 12 anos), adolescência (até os 18 anos), e também, caso haja necessidade a depender de avaliação in loco da equipe multiprofissional, a integração, enquanto colaboradores/ouvintes, de seus pais ou responsáveis. Também fica especificado que constatada a necessidade do jovem em ter acesso aos serviços ofertados pelo calendário psicossocial, este acompanhamento deverá ser realizado mês a mês por prazo indeterminado, com a produção de relatórios mensais que apontem a evolução das atividades feitas. Ainda estabelece que o poder público municipal fiscalizará o cumprimento efetivo deste calendário por parte dos equipamentos que estão vinculados em sua estrutura e também os privados, podendo, caso entenda conveniente, adotar de modo suplementar sanções administrativas àqueles que descumprirem as prerrogativas especificadas na nova norma. 

Sanções 

Haverá notificação do estabelecimento, concedendo prazo de 30 dias à implementação da estrutura profissional necessária ao cumprimento do calendário psicossocial. Superado o prazo notificado, sem resolução, aplicar‐se‐á multa de 100 Unidade Fiscal de Referência de João Pessoa (UFIR/JP), e nova notificação para adequação, em prazo de 30 dias. Mantido o descumprimento após o novo prazo, o estabelecimento poderá ser multado em dobro do artigo anterior, e/ou ter seu alvará de funcionamento cassado até que regularize a situação. 

Impressões 

Em sua justificativa o propositor destaca que o PL homenageia Lucas Santos, adolescente que teve sua vida ceifada a partir de criminosos que disseminam o ódio e usam a internet para desestabilizar pessoas consideradas vulneráveis. “Percebemos o quanto essas crianças estão adoecendo com a busca frenética por curtidas e visualizações. Elas precisam de atenção redobrada”, explicou Marmuthe citando o filho da cantora Walkyria Santos, de 16 anos, encontrado morto em casa no dia 3 de agosto, após sofrer ataques nas redes sociais. 

O parlamenta ressaltou que o projeto trata de modo educativo e preventivo com profissionais do quadro da Prefeitura Municipal, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, pedagogos, que possam acompanhar o comportamento dos alunos e trazer a discussão para dentro das escolas. “Já era para existir essa atenção de forma mais precisa, presente e rotineira. Sabemos o quanto nossas crianças estão cada vez mais envolvidas no mundo virtual e sofrendo ataques por esses meios. Enquanto não há punição dos criminosos, todo o apoio psicológico é necessário”, enfatizou. 

Após a votação 

“Estou muito feliz e honrado em ser vereador nessa manhã. Entendo que a CMJP dá um exemplo de sensibilidade e respeito para com os nossos vulneráveis. Demos o primeiro passo porque compreendemos que o poder público deve proteger suas crianças e seus adolescentes, principalmente contra os males da internet”, justificou o vereador após a aprovação da matéria em plenário. 

O líder da bancada da situação na Casa, vereador Bruno Farias (Cidadania), destacou que João Pessoa foi uma das primeiras cidades a legislar para combater o cyberbullying. “Preciso fazer um resgate histórico porque esse projeto de Lei Lucas Santos trata de cyberbullying. Quando esse termo ainda era desconhecido da maioria, o vereador Zezinho Botafogo (Cidadania) propôs a lei que se tornou referência para outros parlamentos do país. João Pessoa foi pioneira contra o cyberbullying no Brasil”, destacou 

Os vereadores fizeram questão de destacar a importância da matéria para combater o mal que assola a sociedade em tempos de relações virtuais e da onipresença da internet na vida dos jovens. “O caso de Lucas Santos teve repercussão nacional, mas nós tivemos aqui em nossa cidade o caso da jovem Laura que se jogou de um prédio vítima do abuso causado através da internet. Se Deus quiser o prefeito terá sensibilidade e sancionará essa lei que auxiliará na proteção aos nossos jovens contra os males causados na internet”, enfatizou Odon Bezerra (Cidadania).