CMJP comemora 81 anos da irmandade Alcoólicos Anônimos

por Clarisse Oliveira — publicado 09/06/2016 21h00, última modificação 16/07/2019 14h36
A sessão especial foi proposta pelo vereador Sérgio da SAC (SD). Na ocasião, o parlamentar criticou a publicidade relacionada à venda de bebidas alcoólicas

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) comemorou, na manhã desta sexta-feira (10), os 81 anos da irmandade Alcoólicos Anônimos (AA) e o Dia Mundial dos Alcoólicos Anônimos, durante sessão especial, realizada no Plenário Senador Humberto Lucena. A propositura foi do vereador Sérgio da SAC (SD), que destacou os males que o álcool pode causar para as famílias e a sociedade.

Compuseram a mesa da solenidade o diretor do escritório de Alcoólicos Anônimos em João Pessoa, Matias Carvalho; o coordenador do Setor de Psicologia do Hospital Padre Zé, Eudes Neco; a voluntária de Serviço Social do Hospital Padre Zé, Maria de Fátima Viana; o representante da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), Anchieta Borges; e o jornalista Paulo César.

Sérgio da SAC destacou a importância da irmandade para os Alcoólicos. “Quem não conhece o A.A. não sabe da importância que essa irmandade tem na vida das pessoas que enfrentam problemas com o álcool. A irmandade do AA salva muitas vidas, tenho conhecimento próprio, pois sei da importância que ela teve para a minha família”, confessou.

O parlamentar ainda criticou a publicidade relacionada à venda de bebidas alcoólicas. “A única coisa que peço é que se possa mudar a propaganda das bebidas que contém álcool, ela é muito sutil quando relacionada ao efeito prejudicial que faz. Mostra mulheres bonitas, passando mensagem como se fosse algo bom para a sociedade, além de chamar a atenção das crianças”, alertou.

 

O diretor do escritório de Alcoólicos Anônimos em João Pessoa, Matias Carvalho, destacou a importância dos 12 passos de recuperação do AA. “É de lá que tiramos nosso modo de viver, nossa lapidação. Antes, fomos destruídos pelo mundo do álcool, hoje, temos os 12 passos como nosso norte magnético, que nos direciona para a reformulação da nossa vida”, destacou.

A voluntária de Serviço Social do Hospital Padre Zé, Maria de Fátima Viana, afirmou que recebe de cinco a seis pacientes alcoólicos por dia na unidade e lamentou o poder de destruição da doença. “O Alcoolismo é uma doença terrível. Abrange a sociedade, não tem cor, idade, mas tem determinações fatais. É uma doença que atinge o corpo, a alma e a mente. Passamos o dia no hospital e observamos a decadência de seres humanos por causa do alcoolismo”, relatou.

 

O coordenador do Setor de Psicologia do Hospital Padre Zé, Eudes Neco, chamou atenção para a interferência da mídia na possibilidade de ingestão do álcool. “Vivemos influenciados pela mídia. Desde cedo, somos influenciados a experimentar o álcool. As pessoas devem ter cuidado ao trazerem o álcool para as suas vidas”, alertou.

O representante da Semob, Anchieta Borges, atentou para o fato de até hoje ainda não existirem hospitais nem tratamentos específicos para o alcoolismo. “Não temos leis nem tratamentos que lidem com o alcoolismo com exclusividade, apesar dele já ser considerado uma doença, não um vício. Inclusive o alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo. No entanto, não existe interesse da sociedade e nem da classe médica para desenvolver esse tratamento específico”, afirmou.

 

Já o jornalista Paulo César Cabral discursou sobre a fundação do AA, que ocorreu em 1935, nos Estados Unidos, e a evolução da irmandade durante os tempos. Ele destacou que o AA possui cerca de 120 mil grupos espalhados em 180 países, sendo 6 mil grupos apenas no Brasil. “O único requisito para se tornar um membro do AA é querer parar de beber”, afirmou o jornalista, destacando ainda a preocupação da irmandade com a recuperação contínua e individual dos que procuram socorro no AA.

Paulo César Cabral sugeriu ainda a realização de um Seminário acerca do AA para profissionais e leigos, em parceria com a CMJP, com a duração de quatro horas, envolvendo palestras sobre o assunto. Ele sugeriu também a criação de leitos em hospitais para o tratamento específico para a desintoxicação dos alcoólicos.