CMJP debate a aplicação da ideologia de gênero nas escolas do Brasil
A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, na tarde desta segunda-feira (14), uma audiência pública para debater “a temática das equivocadas políticas da aplicação da ideologia de gêneros nas escolas brasileiras”. A audiência foi proposta pelo presidente da Casa, vereador Durval Ferreira, e a vereadora Eliza Virgínia (PSDB). Na ocasião, a assessora jurídica da Frente Parlamentar Evangélica e da Frente Parlamentar da Família e Apoio à Vida do Congresso Nacional, Damares Alves, fez uma explanação para rebater a política de ideologia de gênero.
Compuseram a mesa dos trabalhos, além da propositora do debate e da palestrante, a presidente da “Direita Paraíba”, Morgana Macena; a representante da Associação de Travestis e Transexuais da Paraíba (Astrapa), Ayune Bezerra; a bispa da Primeira Igreja Batista do Valentina de Figueiredo (PIB), Simone Ximenes; o representante da Casa de Evangelização Monsenhor Catão, Eduardo Jorge de Albuquerque.
De acordo com a justificativa da vereadora, as políticas de ideologia de gênero combatem a heteronormatividade e a criança educada desta forma será um adulto de “sexualidade líquida”, ou maleável.
“Um dia ele é casado com uma mulher, noutro com um homem. Este ensino quebra os paradigmas morais cristãos da criança e a deixa pronta para relativizar tanto as práticas sexuais quanto as formações familiares. Portanto, é um assunto muito sério e não tão simplista como os defensores da ideologia de gênero pregam. Eles fizeram muito bem a propaganda e o discurso que ficou impregnado na cabeça da sociedade é o de que esta é uma medida para combater o preconceito”, finalizou a vereadora.
A vereadora ainda destacou que encaminhou requerimento para a Prefeitura Municipal de João Pessoa (CMJP) para não aceitar livros que abordem a ideologia de gênero, e anunciou o projeto “Escola Sem Partido”, o qual dispõe sobre as diretrizes e bases da educação nacional.
De acordo com o documento, a educação deverá seguir os seguintes princípios: neutralidade política, ideológica e religiosa do Estado; pluralismo de ideias no ambiente acadêmico; liberdade de aprender, como projeção específica, no campo da educação, da liberdade de consciência, liberdade de crença; reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizado; educação e informação do estudante quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de consciência e de crença; direito dos pais de que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Damares Alves apresentou slides com imagens extraídas de materiais veiculados em período recente em cartilhas, produzidas pelos Ministérios da Saúde e da Educação, livros produzidos para crianças e adolescentes, e outros produtos impressos, para criticar o que classifica como “a disseminação da erotização das crianças, disfarçada de ideologia de gênero”.
“Os ideologistas de gênero querem criar confusão para provocar instabilidade. A ideologia de gênero é um movimento mundial que pretende desconstruir valores morais, sociais e da família. Tem uma influência na educação muito grande”, defendeu a palestrante, que também afirmou que a ideologia de gênero tenta desconstruir a família natural e a heteronormatividade, prega que as crianças têm direito ao prazer sexual e incentiva a desconstrução e a subversão da identidade. Para ela, o movimento pretende erotizar as crianças e, para evitar isto, é necessário “defender a infância dessas ideias nefastas, que podem destruir as crianças do Brasil”.
Ayune Bezerra falou que o ser humano é diverso e defendeu a aplicação de políticas públicas para o Movimento LGBT. O vereador Raoni Mendes (DEM) também participou do debate, destacando a necessidade de que haja uma discussão mais aprofundada sobre a ideologia de gênero.
Também participaram da audiência pública representantes de diversos movimentos sociais da Capital.