CMJP debate Educação Financeira e vai sugerir que escolas adotem a disciplina

por Haryson Alves — publicado 02/03/2016 21h00, última modificação 08/07/2019 16h59
Evento proposto por Marco Antônio (PPS) serviu para formular propostas a fim de inserir o tema como transversal no currículo do ensino fundamental

Nem todos sabem como ganhar dinheiro, poupar, como gastar e investir. Pensando nisso, o vereador Marco Antônio (PPS) realizou uma audiência pública, na tarde desta quinta-feira (3), para debater a inserção da Educação Financeira como matéria transversal no currículo do ensino fundamental. O evento aconteceu na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) e foi secretariado por Benilton Lucena (PSD).

“É uma questão importante para as futuras gerações saber lidar com os aspectos da vida financeira. Pode tornar a todos mais conscientes das opções e riscos na administração de seus recursos financeiros. Ela é uma leitura da realidade, forma de planejamento de vida, realização individual e coletiva. Deve ser trabalhada desde os anos iniciais da vida escolar”, defendeu Marco Antônio.

Palestra explica a educação financeira

Na ocasião, uma palestra do Consultor financeiro do Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), Cláudio Rocha, explicou o assunto. “Comportamento financeiro é qualquer tipo de escolha que envolva recursos finitos, e na vida adulta, a relação que temos com o dinheiro é reflexo da orientação que recebemos sobre ele na infância”, destacou.

Para ele, a educação financeira abrange atitudes, habilidades, conhecimento, ética nos relacionamentos (negociações justas), consciência ambiental (combate ao desperdício), e responsabilidade social (ser solidário).

“Precisamos saber como ganhar, poupar, gastar e doar. Temos que distinguir o que é desejo, necessidade, o que é supérfluo, o que é caro e o que é barato. Uma embalagem maior é geralmente mais econômica, pois quanto maior, mais barato o produto. Além disso, devemos atentar para o consumo consciente (de água, luz, telefone, alimentos, etc)”, comentou Cláudio Rocha.

Saber objetivos de curto e longo prazo ajuda a poupar

Segundo Cláudio Rocha, para acompanhar e controlar seu dinheiro, saber onde gastar e quanto poupar, é necessário iniciar pelos objetivos de curto prazo, depois os de médio e longo prazo. “Para a criança, uma forma de exemplificar é fazer um cofrinho para comprar uma bola, outro para um skate e outro para uma bicicleta. Onde ela vai guardar mais dinheiro? Além disso, há situações em que você tem que priorizar um dos cofres de acordo com o seu objetivo”, explicou o consultor.

Novos padrões comportamentais entre educadores, estudantes e pais

Segundo Cláudio Rocha, para inserir a matéria no ensino, ela tem que adquirir um caráter transversal e interdisciplinar. Argumento com o qual concordou a presidente do Conselho Municipal de Educação, Telma Lúcia de Souza. “É possível inserir se for como tema transversal. O momento é propício, pois estamos discutindo a base nacional comum”, complementou Telma.

“Isso realça o papel da escola aliada na construção de novos padrões comportamentais que devem ser desenvolvidos entre professores, alunos e pais. Além disso, é necessário escolher que professor será responsável por ministrar tais assuntos. Inclusive, o Governo Federal oferece os livros para a disciplina. O download deles também é gratuito no portal do Ministério da Educação e Cultura (MEC), com materiais para o ensino fundamental e médio”, salientou Cláudio Rocha.

Experiência em 6 Estados mais DF

Cláudio Rocha ainda informou que a educação financeira já existe em escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Além destes Estados, em 2011, um projeto piloto incluiu a disciplina em Minas Gerais, Tocantins, no Ceará e no Distrito Federal, alcançando 900 escolas e 26 mil alunos.

Encaminhamentos

Marco Antônio se comprometeu em levar o projeto e os encaminhamentos da audiência para a Sedec a fim de alinhar o documento e depois apresentá-lo ao Executivo. “Esperamos que o projeto seja concretizado. Podemos ajudar inclusive com a formação dos educadores responsáveis pela disciplina transversal”, assegurou o presidente do Corecon-PB, João Bosco Ferraz.

“Creio que a Sedec encaminhe o projeto para que seja trabalhado de forma pedagógica e inserido no Município, haja vista que temos 42% de nossa população endividada devido à falta de uma educação financeira. Vamos discutir isso também com nossos conselheiros e educadores”, afirmou o secretário-adjunto da Secretaria de Educação e Cultura (Sedec), Gilberto Cruz.

Ainda compuseram a mesa do evento o Conselheiro Federal de Economia Paulo Hermonce Paiva e o secretário-adjunto do Trabalho, Produção e Renda do Município, Thiago Lucena. A população participou fazendo perguntas e sugerindo ações.

Haryson Alves