CMJP discute erosão da Falésia do Cabo Branco

por Haryson Alves — publicado 03/04/2017 21h00, última modificação 02/07/2019 11h50
Legislativo uniu gestores públicos, sociedade civil e organizada para debater e propor soluções em audiência pública

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) debateu a erosão do ponto mais oriental das Américas, a Falésia do Cabo Branco, na tarde desta terça-feira (4). A audiência pública, proposta dos vereadores Bruno Farias (PPS) e Helton Renê (PC do B), líderes da oposição e situação na Casa Napoleão Laureano, respectivamente, foi conduzida pelo presidente do Legislativo Pessoense, Marcos Vinícius (PSDB), além de secretariada por Lucas de Brito (PSL) e Raíssa Lacerda (PSD).

Para o presidente da Câmara, os vereadores mostraram, mais uma vez, que esta Legislatura será marcada por debates de alto nível. “Acredito que hoje a Câmara deu mais uma demonstração clara de maturidade para toda sociedade pessoense, onde o líder do Governo e da oposição travaram um diálogo sem procurar culpar um ao outro, mas buscando soluções”, e completou: “Este é o papel de um parlamento que quer ser protagonista da própria História, se colocando ao lado do povo para solucionar impasses e garantir o benefício de uma intervenção de importância inquestionável”.

Bruno Farias destacou que o propósito da audiência não seria encontrar culpados para um problema antigo, mas unir toda a sociedade e agentes públicos na proposição de soluções. Em sua fala, o parlamentar quis saber quais as medidas que estão sendo adotadas pela Prefeitura Municipal de João pessoa (PMJP) e quais as que serão implementadas ao longo do tempo.

[caption id="attachment_17584" align="alignnone" width="3000"]Audiência_Pública_barreira_Foto_Julianasantos 037Bruno Farias (PPS) convocou agentes públicos e sociedade a trabalharem em prol da Barreira do Cabo Branco.[/caption]

“A interferência na falésia foi discurso de campanha em 2012 e em 2016. Não adianta dizerem que é um problema antigo, pois quem é eleito para gerir uma cidade não pode colocar a culpa nos outros, mas chamar para si a responsabilidade. Há quem diga que o maior problema não está nos eventos da natureza ou climáticos, mas fruto da omissão do homem, ou seja, do poder público, mais precisamente, da Prefeitura Municipal de João pessoa (PMJP). Vamos nos unir para que todos trabalhemos pela barreira”, convocou, Bruno Farias.

“Não podemos esquecer das responsabilidades administrativas do poder público, que necessita de estudos e documentos prévios para que possa interferir na falésia. Precisamos identificar as raízes dessa problemática, que vem se acentuando, seja por questões naturais ou pela interferência antrópica”, salientou Helton Renê.

[caption id="attachment_17586" align="alignnone" width="3000"]Audiência_Pública_barreira_Foto_Julianasantos 105Helton Renê (PC do B) salientou que PMJP precisa de estudos e documentação prévia para intervir na Falésia.[/caption]

O superintendente da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), João Vicente, explicou que, de início, em 2015, estudos sugeriram que houvesse obras na parte continental (drenagem, pavimentação e recuperação arbórea do topo da falésia) e do mar (quebra-mares). Após isso, ele informou que um novo projeto indicou a inserção de oito quebra-mares e dois caminhos de serviço, algo que pode interferir com impactos ambientais até em Lucena, no Litoral Norte paraibano. “Se os trabalhos de drenagem na falésia forem feitos, reduziremos a erosão de 50% a 70%”, alertou.

Deputado chama atenção para que JP não perca recursos

Na oportunidade, o deputado federal Wilson Filho (PTB) lembrou que, em dezembro de 2010, foram empenhadas duas emendas somando um pouco mais de R$ 12 milhões para as obras na barreira, e que sete anos depois, os recursos ainda não foram utilizados.

[caption id="attachment_17557" align="alignnone" width="3000"]Audiência_Pública_barreira_Foto_Julianasantos 129Deputado Wilson Filho (PTB) conseguiu prorrogar prazo estipulado para uso de recursos federais em intervenção.[/caption]

Do montante, ele conseguiu prorrogar R$ 6,2 milhões. “A vigência do contrato seria até 31 de dezembro de 2016. A CGU interferiu perguntando o motivo de uma obra tão urgente não ter sido realizada em tantos anos, e para não perder o recurso, foi dado um novo prazo, que expirou em 30 de março deste ano. Interferimos, e o prazo foi estendido inicialmente para junho, com possibilidade de perdurar até 31 de dezembro”, informou Wilson Filho.

Prefeitura aguarda relatórios de impacto para continuar intervenção

A secretária municipal de Planejamento, Daniela Bandeira, informou que, apesar dos recursos terem sido liberados em 2010, de lá pra cá, em nenhum momento a Prefeitura teve como investir a verba de forma legal e responsável. Ela explicou que, na primeira gestão do prefeito Luciano Cartaxo (PSD), havia um estudo de impacto, mas não uma proposta de interferência na barreira. Por isso, os órgãos ambientais exigiram um projeto executivo (com mais detalhamentos) para liberar a intervenção.

Daniela Ribeiro informou que PMJP aguarda relatórios de impacto ambiental para promover debates com a população e realizar ações.[/caption]

“Isso foi desenvolvido pela empresa cearense Aquatoor. Depois, a Eiconor ficou responsável por apontar quais danos ambientais poderiam advir da proposta apresentada pela PMJP. Assim, poderemos decidir se vamos querer executar tal intervenção ou não. Sem isso, não será possível agir com responsabilidade, com base em elementos e análises técnicas, com uma proposta de engenharia e de impacto no meio ambiente, nas correntes e vida marinha e na orla paraibana. Precisamos obedecer todos os trâmites legais”, observou a secretária de Planejamento.

De acordo com Daniela Bandeira, entre as obras a serem executadas haverá a instalação de gabiões (paredões de contenção e escoamento hidráulico), drenagem continental e enrocamento do sopé da barreira (quebra-mares e paredões de rocha). A secretária adiantou também que a PMJP pretende discutir com a população da Capital detalhes do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para decidir o que será executado nas próximas fases de interferência na falésia. As ações serão realizadas gradativamente de acordo com a aprovação dos estudos mediante os órgãos de fiscalização ambiental e após esse debate com a sociedade.

Presenças

Também participaram da audiência pública o secretário de Articulação Política, Zennedy Bezerra; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), Fernando Catão; o representante do Ministério do Turismo (MT), Helito Nunes; o deputado Hervásio Bezerra (PSB); além de outros representantes da sociedade civil e organizada.

Vereadores, gestores públicos, representantes de entidades e cidadãos dialogaram por soluções que diminuam a erosão na Falésia do Cabo Branco.[/caption]

Também estiveram presentes os vereadores Thiago Lucena (PMN), Bosquinho (PSC), Damásio Franca (PP), Dinho (PMN), Eliza Virgínia (PSDB), Sandra Marrocos (PSB), Tanilson Soares (PSB), Helena Holanda (PP), Milanez Neto (PTB), Humberto Pontes (PT do B), Tibério Limeira (PSB), Eduardo Carneiro (PRTB), João Corujinha (PSDC), Marcos Henriques (PT) e Chico do Sindicato (PT do B).