Crítica às condições de trabalho dos motoristas de ônibus é tema de discurso
O vereador Junio Leandro (PDT) intercedeu pelos trabalhadores do transporte coletivo, ao discursar, na sessão ordinária desta terça-feira (20). Segundo o parlamentar, os condutores de ônibus da Capital estão sobrecarregados física e mentalmente por acumularem a função de dirigir e passar troco. O orador lamentou a demissão de mais de mil cobradores; a dupla jornada dos motoristas; o corte de gratificação de R$ 300,00; e a redução de 50% no valor do vale-alimentação.
“Divido com vocês o grito que tenho engasgado. É um clamor do absurdo que esses trabalhadores estão vivendo. Muitos me procuram e chegam a chorar com as situações enfrentadas. Se eu dirijo e me distraio com o celular, posso causar acidentes. Imaginem com um motorista de ônibus que, além de dirigir, cuida de 40 pessoas no veículo, mantém a atenção no trânsito e passa troco, descendo a Ladeira do Varjão! Não é fácil”, assegurou Júnio Leandro.
Conforme relatou o parlamentar, a gratificação de R$ 300,00 que foi retirada era equivalente ao acúmulo de duas funções pelos motoristas. “Além disso, os condutores estão iniciando o trabalho às 4h ou 5h da manhã e só largam às 22h ou 23h. O que me espanta é saber que uma empresa rica não adota o ponto eletrônico, outra reivindicação dos trabalhadores que não é atendida. Observamos a usurpação dos direitos do trabalhador em detrimento do lucro de empresários. Por estas questões, protocolei um projeto que proíbe a dupla função dos motoristas e vou propor uma audiência pública para tratar desses problemas”, informou o vereador, lamentando os indícios de mais um reajuste no valor das passagens, “que chegam a ser quase iguais às de cidades maiores, como Recife (PE) e Salvador (BA)”, acrescentou.
Apartes
Em apartes, Marcos Henriques (PT) e Coronel Sobreira (MDB) se acostaram ao pronunciamento de Junior Leandro. “Também me somo a esta luta. Já propusemos o fim da dupla função, queda de monopólio na concessão do serviço público, criação de cooperativa do transporte e em duas audiências públicas as empresas não compareceram. E a dupla função dos motoristas está atrelada a um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público. É um assunto que permeia uma grande mobilização social”, refletiu Marcos Henriques.
Na oportunidade, Odon Bezerra mencionou o que determina o artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e salientou que é obrigação das empresas prestarem um bom serviço à população. O artigo “trata dos serviços públicos e no caso de descumprimento, serão as empresas responsáveis por prestar um serviço de excelência”, destacou o vereador que é professor de Direito do Consumidor.
Marmuthe Cavalcanti (PSL) lembrou da importância da luta sindical e Júnio Leandro destacou que o sindicato da categoria tinha uma liderança que estava lá desde que o parlamentar era criança. “Aconteceu que o Ministério Público e a Justiça determinaram novas eleições no sindicato e promoveram mudanças para acabar com a ideia de sindicato que é amigo do patrão. O transporte coletivo é concessão pública, e devemos inserir regras nisso”, observou Junio Leandro.