Debate na Câmara discute a construção de Hospital Público Veterinário em JP

por Haryson Alves — publicado 26/04/2017 21h00, última modificação 15/07/2019 18h01
Representantes de ONGs e protetores independentes dos animais salientaram que a Capital também precisa de um abrigo público

A construção de um Hospital Público Veterinário na Capital foi tema de um debate, em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (27), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O evento foi presidido pelo vereador Leo Bezerra (PSB), propositor da solenidade, e secretariado por Bruno Farias (PPS).

“A saúde humana está completamente relacionada com a saúde dos animais”, esclareceu Leo Bezerra, chamando atenção para o cuidado com a transmissão de doenças, parasitas, vermes e infestações quando não se cuida devidamente dos animais, por exemplo. O parlamentar afirmou que está engajado na construção de um projeto que vise o bem-estar animal com outros vereadores da CMJP, ONGs e protetores dos animais.

 

 

Vereadores vão cobrar projetos do Município em favor dos direitos dos animais e sugeriram destinar emendas na LOA e LDO 2018 para a causa.[/caption]

“Apesar de não podermos obrigar o Governo Municipal a acatar o que estamos discutindo, a CMJP tem a responsabilidade de dar voz a essa questão. Temos a possibilidade de fazer emendas à LDO e à LOA 2018, destinando recursos para a construção do Hospital Público Veterinário no Município”, sugeriu Bruno Farias.

Por sua vez, os representantes de ONGs e protetores de animais que atuam na Capital salientaram que ultrapassam seus limites de orçamento mensal devido ao amparo que oferecem aos animais abandonados na rua. Os gastos vão desde cuidados mais simples, com a alimentação dos bichos, ou com medicação, cirurgias e despesas devido a procedimentos em clínicas veterinárias, entre outros.

Na ocasião, o professor José Francisco Garcia lembrou que o artigo 225 da Constituição Federal impõe ao poder público – Municípios, Estados e União – a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, contra qualquer crueldade aos animais e a criação da disciplina Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. “Além disso, a Constituição Estadual da Paraíba no artigo 227 replica o que a CF o fez, impondo o mesmo cuidado ao poder público”, frisou.

 

 

Maribel Souza se emocionou ao partilhar dificuldades de seu cotidiano na luta em prol dos animais.

A presidente da Associação de Proteção Animal Amigo do Bicho (Apab), Maribel de Souza, reúne hoje, em sua casa, 100 gatos e quatro cães. “Como eu iria me omitir deixando animais morrendo no meio da rua? Queríamos que o poder público fizesse algo por esses animais desprotegidos. Nós protetores deixamos de viver para cuidar desses bichinhos, dando medicação, comida, abrigo e condições melhores, com higiene. Recebo cerca de 30 ligações diárias de pessoas que querem obter auxílio para animais de rua e não tenho muitas condições financeiras nem me sobra muito tempo para contribuir mais”, desabafou emocionada, a protetora.

Segundo ela, o abandono de animais na rua, a falta de políticas de educação ambiental, de um programa de vacinação mais eficiente, a falta de hospital e abrigo públicos são as principais questões que devem ser revistas para garantir políticas públicas em prol do bem-estar animal em João Pessoa. “As maiores dificuldades enfrentadas pela Polícia Ambiental na repressão e prevenção aos maus tratos praticado com os animais figura na inexistência de um hospital e abrigo públicos”, concordou o delegado do Meio Ambiente, Ragner Magalhães.

 

Presidente da Adota-JP, Poliana Dantas, comentou que pretende solicitar reembolso financeiro da PMJP aos protetores de animais.

“Apelamos à Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) por providências urgentes, talvez um convênio, nem que seja temporário, pra auxiliar as ONGs e protetores independentes de animais. Caso contrário, vamos entrar com uma ação pedindo reembolso financeiro para todos os protetores, pois essa despesa é do Município”, salientou a presidente da ONG Adota-JP, Poliana Dantas. “Fazemos bazares, brechós e atividades pra arrecadar fundos a fim de financiar os cuidados que oferecemos aos animais de rua. Inclusive, hoje, nossos celulares não são mais privados, se tornaram linhas públicas de contato com quem deseja ajudar na causa”, comentou.