Doutor da UFPB sugere implantação de medidor de Internet em residências

por Damião Rodrigues — publicado 04/10/2021 16h00, última modificação 04/10/2021 16h00
Colaboradores: Foto: Olenildo Nascimento
Guido Lemos foi um dos participantes da CPI da Banda Larga desta segunda-feira (4)

O professor doutor em Informática da Universidade Federal da Paraíba Guido Lemos sugeriu a implantação de um medidor de internet nas residências com informações acessíveis ao cliente. O pesquisador de tecnologia da Informação participou da quinta reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a qualidade da prestação de serviços de internet banda larga na Capital (CPI da Banda Larga), nesta segunda-feira (4). Outra sugestão do professor foi o investimento em educação e propaganda para fornecer mais informações à população sobre o tema.

“A internet é um serviço muito importante, sobretudo neste período de pandemia, em que ela se tornou essencial. Houve novas configurações na forma de executar as atividades e de interagir entre as pessoas que estão se reinventando através da Rede. Minhas considerações são mais no contexto a CPI olhar para o consumidor, que não sabe a fundo sobre a internet”, destacou.

Guido Lemos exemplificou a relação entre as operadoras e os clientes explicando que ao se contratar uma quantidade específica de megabytes a empresa, pela legislação vigente, é obrigada a fornecer apenas 80% desta quantidade em tráfego agregado e 40%, em tráfego instantâneo. Ele acrescentou que essas determinações foram definidas à luz das dimensões dos equipamentos e do não uso simultâneo dos serviços pelo usuário. “Existe um alto investimento no setor, então os órgãos e os poderes públicos tentam fazer com esses serviços sejam viáveis sem gerarem prejuízos aos investidores. Mas à luz do consumidor significa que ele pode receber até 80% ou 40% do serviço contratado”, especificou. Ele sugeriu que as operadoras forneçam internet da forma que são mensurados o consumo de energia elétrica e água. “Você contrata o serviço sem especificações e no final do mês paga o que consumiu. Atualmente, não existem parâmetros e são termos complicados para entender, se recebemos o que contratamos”, disse.

Outra sugestão do pesquisador foi a implantação de um medidor ao modo dos existentes para energia elétrica e para água, no qual o consumidor tenha acesso a informações objetivas e simples sobre os serviços prestados mensalmente. “O medidor já existe. São os roteadores de internet que ficam nas residências, só que o consumidor não consegue acessar de forma efetiva as informações que também não são acessíveis aos não estudiosos sobre o assunto. Os consumidores devem receber mensalmente relatórios mais transparentes sobre os serviços prestados pela operadora, numa linguagem fácil”, explicou.  

De acordo com o professor, para a banda larga precisa haver uma efetivação de campanhas de marketing. “Deve-se informar o que estão vendendo para que se gerenciem as expectativas. As informações precisam ser fornecidas com companhas de marketing e inclusive com educação da população. É essencial que esse tema seja encaixado nas escolas da mesma forma que a educação financeira ou até mesmo em conjunto”, sugeriu.

Alguns membros da Comissão apresentaram questionamentos ao professor: o Coronel Sobreira pediu mais esclarecimento sobre o medidor sugerido e questionou sobre o papel da Anatel; já Bispo José Luiz perguntou se o não fornecimento do serviço prometido não configurava propaganda enganosa.

“O medidor é o roteador, mas o usuário leigo não consegue acessar e ver as informações. É preciso que haja a liberação de acesso e as informações sejam prestadas de forma simples e clara aos leigos. Sobre a Anatel, acredito que ela cumpre seu papel; Só sugiro que haja um trabalho mais efetivo de informação à população sobre o assunto. Quanto à propaganda enganosa, podemos dizer que o processo beira isso, mas se estão no contrato as limitações no fornecimento, não se pode dizer que é enganosa. O necessário é fazer com que sejam mais claras as informações e trabalhar para que o usuário passe a pagar pelo que consumir”, respondeu o professor. Ele se prontificou a contribuir ainda mais com a CPI. “Estou aqui como um dos milhares servidores da UFPB, a serviço da comunidade. Estou à disposição para contribuir com o que for possível, assim como toda nossa universidade que está à disposição da população, que só precisa chegar mais próximo e buscar auxílio”, asseverou.

Ainda participaram da reunião desta segunda-feira os representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Thiago Botelho e do Sindicato do Trabalhadores em Telecomunicações da Paraíba (Sinttel), Marta Sena, que auxiliam com informações necessárias às investigações.