Entidade vai à Câmara de João Pessoa propor políticas públicas para tratamento de doenças com utilização de canabidiol

por Clarisse Oliveira — publicado 07/05/2018 21h00, última modificação 03/07/2019 10h51
Os dois anos de atuação da Liga Canábica Paraíba também foi tema de pronunciamento do vereador Tibério Limeira (PSB) durante a sessão desta terça-feira (8)

O vereador Tibério Limeira (PSB) usou seu pronunciamento na sessão desta terça-feira (8), da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), para evidenciar os avanços obtidos na utilização da cannabis para fins terapêuticos pela Liga Canábica Paraíba, associação sem fins lucrativos criada a partir da luta dos pais e familiares de crianças com epilepsia de difícil controle, na luta pelo acesso aos derivados da planta cannabis para o controle das crises epilépticas.

De acordo com o parlamentar, a associação é referência na Paraíba, Brasil e também internacionalmente pelo tratamento que tem dado dignidade e qualidade de vida a pessoas com doenças como Parkinson, Alzheimer, Câncer, Epilepsia, Esclerose múltipla, etc. “É de grande importância a ação militante dessas pessoas por essa causa, dando cada vez mais amplitude ao uso dessa planta que pode salvar vidas e ser a salvação para muitos problemas”, afirmou Tibério Limeira.

O vereador destacou que a Liga foi fundada dia 6 de setembro de 2015 a fim de fortalecer o acesso à cannabis e a disseminação do conhecimento dela para uso terapêutico. Já exerceu atividades no Senado Federal com a tramitação de um projeto para o fim da proibição do uso terapêutico da cannabis, assim como palestra no Poder Judiciário.

“A Liga defende uma estrutura de política pública nacional, conduzida por entes como a Prefeitura, Estado e União para dispor do acesso universal do tratamento e que o estado possa controlar e potencializar os estudos, além de controlar o cultivo da planta. Que essa política possa atender os pacientes em sua integralidade”, defendeu.

O vereador Thiago Lucena (PMN) e as vereadoras Sandra Marrocos (PSB) concordaram com o pronunciamento de Tibério Limeira. “A gente precisa tirar essa discussão do campo da moral e colocar no campo da saúde pública. Pessoas estão tendo qualidade de vida com o uso medicinal da maconha. Gostaria de parabenizar a Liga por esses dois anos de resistência, de luta e de visibilidade que deu à Paraíba o título de pioneira nessa discussão. E é fundamental que se crie políticas públicas voltadas para esse universo”, defendeu Sandra Marrocos.

Reunião na presidência

O presidente da CMJP, vereador Marcos Vinícius (PSDB), recebeu o presidente da Liga Canábica Júlio Américo Pinto Neto, o pesquisador acadêmico e associado Lucas Oliveira e ainda o vereador Tibério Limeira para dialogar como a Câmara de João Pessoa pode ajudar a Liga na construção de políticas públicas para o tratamento.

“É chegado o momento da sociedade debater este tema e a Câmara Municipal de João Pessoa precisa provocar uma grande discussão sobre este tema com a participação de várias autoridades e profissionais de saúde para garantir que o medicamento seja acessível para todos que precisarem”, comentou Marcos Vinícius.

Júlio Américo revelou os avanços que teve na utilização do óleo da cannabis com as crises de epilepsia do filho e com a demência senil severa do pai. O filho tinha cerca de 40 crises por dia, tomando cinco remédios anticonvulsivos diferentes, além de não ter o controle de tronco. “Há 11 meses ele não tem uma crise epiléptica, só tomando o óleo e ainda anda”, relatou. Sobre o pai: “Hoje com 95 anos, conseguimos reverter o quadro de demência senil severa do meu pai também usando o óleo”.

Ele ressaltou que as empresas farmacêuticas desenvolveram dois medicamentos a base de cannabidiol sintética que custam entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. “Pessoas da periferia não têm condições de pagar esses medicamentos, nem importar dos Estados Unidos ou Europa”, por isso a meta da Liga é formar um grupo de trabalho envolvendo prefeitura, estado e universidades para a formação de políticas públicas.

O presidente da Liga informou, ainda, que o desenvolvimento de políticas públicas para o acesso universal da cannabis para fins terapêuticos, principalmente para pessoas carentes, vai proporcionar uma grande economia para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Vai ter uma grande economia para a saúde pública, com menos internações, menos consultas, menos exames, menos gastos com medicamentos. E o mais importante: temos visto claramente o progresso na saúde das pessoas que usam os óleos da cannabis”, garantiu.

Júlio Américo ainda falou da importância da Câmara nessa formação de políticas e no intermédio com o Executivo. “É fundamental a participação da CMJP como ente público não só que fiscaliza, mas que sugere políticas públicas. Que tem esse relacionamento com o Executivo para que se faça uma parceria com a intenção de facilitar esse acesso às políticas públicas, além de trazer p setor público municipal para construir juntos essas políticas”, sugeriu.