Homenagem aos 100 anos de história do artista e compositor “Jackson do Pandeiro”

por Paulo de Pádua/A cor da cultura — publicado 02/09/2019 20h42, última modificação 02/09/2019 20h42
Colaboradores: Fotos: Olenildo Nascimento
Sessão Especial foi uma propositura da Mesa Diretora, em parceria com o Centro Cultural da Casa

 A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, na tarde desta segunda-feira (2), sessão especial em comemoração aos 100 anos de história de “Jackson do Pandeiro”. O artista, que também é conhecido como “Rei do Ritmo” e nasceu em Alagoa Grande, é considerado um dos maiores ícones da Música Popular Brasileira (MPB), em especial, da cultura nordestina, das últimas décadas.

A homenagem, proposta pela Mesa Diretora, foi uma iniciativa do Centro Cultural da CMJP. Intelectuais, historiadores, políticos e representantes da cultura paraibana prestigiaram a sessão. O presidente da Casa, vereador João Corujinha (DC), destacou a importância da sessão para o Poder Legislativo Municipal e o valor grandioso que “Jackson do Pandeiro” tem para o patrimônio cultural do Estado.

“É uma grande honra para todos nós poder realizar essa sessão e deixar registrada na história dessa Casa uma homenagem a esse grande artista, que marcou a cena musical do nosso país”, frisou o parlamentar. Segundo ele, José Gomes Filho, conhecido no meio artístico como “Jackson do Pandeiro”, se tornou referência na música nacional, marcou gerações e foi uma inspiração para outros artistas.

“Ele [Jackson] cantou nosso jeito de ser, de viver, a alegria do povo nordestino, bem representada na mistura dos ritmos que ele dominava como ninguém”, ressaltou o presidente João Corujinha, destacando que o músico foi um dos maiores responsáveis pela conquista do respeito à cultura do País e as nossas tradições. “Talvez tenha sido seu maior feito”, enfatizou.

Além do presidente Corujinha, compuseram a mesa da solenidade, o vereador Milanez Neto (PTB), que secretariou os trabalhos; a servidora Márcia Gadelha, coordenadora do Centro Cultural da CMJP e idealizadora da sessão especial; o escritor e jornalista Fernando Moura; o vereador Deda (PL), representando a Câmara Municipal e a Prefeitura de Alagoa Grande; além da artista plástica Dione Vasconcelos.

O vereador Milanez ocupou a tribuna para parabenizar a Casa, o presidente João Corujinha, a servidora Márcia Gadelha e enaltecer a dedicação em prol da cultura paraibana de Fernando Moura e Juca Pontes, que também é escritor, jornalista e estava na sessão. Para Milanez, o Parlamento Municipal não poderia, de forma alguma, ficar de fora dessa homenagem, uma vez que “Jackson do Pandeiro” é um orgulho dos paraibanos, escreveu seu nome na história do mundo e elevou o nome da Paraíba por onde passou.

O escritor Fernando Moura fez uma exposição da biografia do homenageado, relatando fatos importantes, bem como destacou alguns de seus projetos para resgatar a história do artista. Moura falou da sua participação na criação do Memorial sobre o músico no Museu de Alagoa Grande e na implantação da biografia de Jackson do Pandeiro no Museu Arte Popular da Paraíba, em Campina Grande, que ficou mais conhecido como Museu dos Três Pandeiros. Ele também lançou a biografia do artista em quadrinhos, em 2017, voltada para as escolas, e relançou, no último dia 26, a plaquete, com o apoio da editora A União, sobre “Os 100 anos do Rei do Ritmo”.

A servidora Márcia Gadelha fez questão de agradecer o apoio do presidente da Casa, João Corujinha, à realização da sessão especial. Márcia também destacou o incentivo que o Centro Cultural vem recebendo da atual gestão para promover atividades culturais, exposições e desenvolver projetos que resgatam a história da cidade e da cultura pessoense. “Esse é um momento de alegria e orgulho, pois nós estamos homenageando uma das figuras mais emblemáticas da cultura nordestina, que é Jackson do Pandeiro. A Câmara, mais uma vez, faz história ao reconhecer o valor desse artista”, ressaltou Márcia.

Como representante de Alagoa Grande, o vereador Dede declarou que a Câmara, a Prefeitura do Município e o povo Alagoa-grandense estavam honrados com esse reconhecimento e com a iniciativa do Poder Legislativo da Capital. “Vou levar na memória esse dia importante para minha terra. O reconhecimento ao grande artista e cidadão honrado, que foi “Jackson do Pandeiro”, é extensivo a todos nós que amamos Alagoa Grande e seus filhos”, afirmou.

Conheça um pouco da história de “Jackson do Pandeiro”

Também conhecido como O Rei do Ritmo, “Jackson do Pandeiro” foi cantor e compositor de forró e samba brasileiro. Atuou em vários subgêneros musicais, a exemplo do baião, xote, xaxado, coco, arrastapé, quadrilha, marchinha, dentre outros. Ele era oriundo de uma família de artistas populares (a mãe cantora de pastoril) e sua história reforça a influência da cultura negra na música nordestina.

Jackson é considerado um dos maiores ritmistas da história da MPB. Em 54 anos de carreira, foi responsável, ao lado de Luiz Gonzaga, pela popularização nacional de canções nordestinas.

No início da década de 1940, mudou-se para João Pessoa, onde tocou em cabarés e depois na Rádio Tabajara até 1946. Em 1948, foi trabalhar na Rádio Jornal do Comércio, em Recife (PE). Lá, por sugestão do diretor do programa, ganhou o nome artístico “Jackson”, considerado mais sonoro.

Somente em 1953, já com 35 anos, Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso, “Sebastiana”, que já era uma amostra de suas inovações estéticas, com improvisações de vocalizações com tempo variado. Logo depois, emplacou outro sucesso: “Forró em Limoeiro”, rojão composto por Edgar Ferreira.

Em Recife, conheceu sua esposa e parceira, Almira Castilho, uma ex-professora que cantava mambo e dançava rumba. Jackson e Almira formavam uma dupla no palco e na vida. A união durou até 1967, quando se desfizeram a parceria e o casamento.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Albuquerque, com quem se casou em 1956, vivendo com ela até 1967. Depois de doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele se casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, com quem viveu até seus últimos dias de vida.

No Rio de Janeiro, apresentou-se nas rádios Tupi e Mayrink Veiga, e foi contratado pela Rádio Nacional. Jackson fez muito sucesso com “O Canto da Ema”, “Chiclete com Banana”, “Um a Um” e “Xote de Copacabana”.

A crítica se encantava com sua facilidade para cantar gêneros musicais variados: baião, coco, samba-coco, rojão e marchinhas de carnaval. Seu primeiro álbum, “Sua Majestade - O Rei do Ritmo”, saiu em 1954 pela gravadora Columbia.

Durante a década de 1950, Jackson e Almira ganharam projeção nacional e começaram a atuar em filmes populares, como “Minha sogra é da polícia”, “Cala a boca Etelvina”, “Tira a mão daí” e “Batedor de carteiras”. Com a Tropicália, houve o resgate da música nordestina.

Em 1981, gravou seu último trabalho, pela Polygram, “Isso é que é forró”. Em 10 de julho de 1982, durante uma excursão no Rio de Janeiro, Jackson do Pandeiro faleceu em decorrência de complicações de uma embolia pulmonar e cerebral.

Discografia

"Sua Majestade o Rei do Ritmo" (Columbia - 54)

"Jackson do Pandeiro" (Columbia - 55)

"Forró do Jackson" (Columbia - 56)

"Os donos do ritmo" (Copacabana - 58)

"A tuba de muié" (Copacabana - 61)

"O Cabra da Peste" (Copacabana - 63)

"Sina de Cigarra"(CBS - 72)

"Se tem mulher tô lá" (Chantecler -74)

"Um nordestino alegre" (Chantecler - 76)

"Nossas raízes" (Chantecler - 79)

"Isso é que é forró" (Polygram – 81)

 

Paulo de Pádua/A cor da cultura