Má gestão hídrica pode causar o encarecimento de contas e por em xeque a transposição das águas do Rio São Francisco, alerta vereador

por Haryson Alves — publicado 13/03/2018 21h00, última modificação 16/07/2019 14h25
Para Marcos Henriques (PT), assunto não deve ser tratado apenas de forma mercantilista e problemáticas não se resumiriam só à má distribuição e escassez da água

“O Brasil possui 12% da água própria para o consumo de todo o mundo. Temos o líquido, mas não políticas que o levem ao povo, pois sofremos com a distribuição e escassez”, destacou o vereador Marcos Henriques (PT), ao evidenciar a necessidade de gestão sustentável dos recursos hídricos. Ele salientou, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (14), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), que a privatização de concessionárias de saneamento e esgoto poriam em risco o controle dos mananciais brasileiros, encareceriam os custos domiciliares e colocariam em xeque a transposição das águas do Rio São Francisco.

Em seu discurso, o parlamentar atentou para o tratamento das questões inerentes à gestão dos recursos hídricos levando-se em consideração que a água é um bem precioso, e não apenas como algo de natureza mercantilista. “Vemos tudo no nosso país ser vendido. Nosso petróleo o foi. Seus royalties que serviriam pra saúde e educação não servirão mais. Em vez disso, fizeram-se negociações com isenções fiscais para vender nossas riquezas”, comentou.

Enfatizando que, “em poucos anos, toda a água apta ao consumo no planeta será de ordem tratada” e que “a humanidade corre o risco de lidar com escassez do líquido”, Marcos Henriques citou que há que se temer o aceno do governo federal para a privatização da Eletrobras, que pode ser incluída no Plano Nacional de Desestatização.

“A Eletrobras detém a Companhia Elétrica do São Francisco (Chesf), que por sua vez deságua no controle sobre a transposição do Rio São Francisco. A intenção era tirar o povo da miséria, o mesmo que estava migrando para centros urbanos e assegurar ao cidadão fazer plantio na sua terra, de uma forma adequada, com possibilidade de irrigação. Coloca-se a responsabilidade toda no capital privado. E onde é que este respeitará a questão dos mananciais, da ecologia, da responsabilidade em cuidar, da responsabilidade social com as águas?”, questionou Marcos Henriques.

Concluindo sua fala, o vereador informou que a Presidência da República, a serviço do capital internacional, tem pressionado os governadores dos estados brasileiros a ponto de privatizarem as companhias de água estaduais. “Há empresas como a Coca-Cola, Nestlé, bancos, todos estão de olho na nossa água”, avisou o parlamentar.