Mais de 20 pesquisadores trabalham na catalogação, restauração e digitalização de documentos históricos encontrados na CMJP

por Haryson Alves — publicado 05/08/2019 03h00, última modificação 02/08/2019 14h00
Colaboradores: Fotos: Juliana Santos
Equipe é coordenada pelo historiador Ângelo Emílio Pessoa e a intervenção do grupo vai gerar material para livros, pesquisas científicas, acervo historiográfico e aulas acadêmicas

Mais de 20 pessoas integram a equipe da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) responsável pela restauração dos manuscritos históricos, com mais de 200 anos, encontrados na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), no final de 2017. Entre os pesquisadores que analisam aproximadamente 700 folhas, que compõem 250 documentos sobre a História da Capital paraibana do final do Período Colonial, início do Império e começo da República brasileira, estão professores e estagiários ligados aos Departamentos de História, Biblioteconomia e ao Acervo Central da instituição.

Quando foi encontrada, a documentação foi transferida para o acervo da Fundação Casa de José Américo, apresentando perfurações, rasgos, falhas, deterioração avançada, entre outros aspectos. Lá, os registros passaram por uma limpeza prévia e registro, gerando ficha de catalogação com resumo do que há em cada um dos títulos.

“Isso permitiu termos uma ideia do conteúdo encontrado na papelada e evitar a continuidade da degradação do material. A partir daí, a equipe submeteu os manuscritos às etapas de restauração e digitalização. Todos esses passos são realizados simultaneamente. À medida em que os registros vão sendo preparados, são encaminhados para o procedimento a seguir, dependendo do estado em que se encontram, pois são materiais sensíveis, delicados, e temos que garantir que não haja danos com o manuseio”, comentou o historiador Ângelo Emílio Pessoa.

Digitalização

Utilizando a tecnologia de um scanner planetário, equipamento de alta resolução utilizado para a digitalização de livros e documentos, os registros passaram por técnicas de digitalização preventiva. “Assim, preservamos o máximo de dados antes que haja o manuseio do material, possibilitando a pesquisa imediata daqueles que precisem recorrer a esse material. Após isso, o material vai para o restauro e, após as alterações e resgate de informações desse processo, são novamente digitalizados. Daí, há as fases de catalogação e descrição arquivista, para que o acervo seja disponibilizado para todos via internet”, explicou a diretora do Arquivo Central da UFPB, Juliane Teixeira.

Restauro

Durante o processo de restauração, na primeira higienização dos documentos são removidos todos os grampos, restos de linha ou encadernações e há o diagnóstico de que tipo de intervenção cada um dos registros vai necessitar.

“Cada documento tem um processo diferente na restauração. Se for falta de suporte, uma pequena obturação no documento ou uma velatura, que é uma técnica de sobreposição de tintas transparentes, ou uma desacidificação, dependendo do tipo de tinta que foi utilizada na caligrafia do registro. Apesar de ser um processo mais demorado, dependendo da intervenção ou tempo de secagem que o documento precisa, no primeiro dia de intervenção já identificamos resultados”, salientou a professora do curso de Biblioteconomia, responsável pelo Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos da UFPB, Danielle Alves.

Ganhos para a cidade

Até que a Câmara tenha condições adequadas em seu arquivo para acondicionar esses documentos, eles ficarão custodiados à UFPB. “Os conteúdos resultantes serão aproveitados para a comunidade acadêmica, de forma que todos possam ter acesso em acervo digital e realizar pesquisas, consultando esse material via internet. Por outro lado, há outros produtos que serão decorrentes desses documentos históricos, como livros, diversas pesquisas, materiais didáticos e oficinas pedagógicas”, destacou Ângelo Emílio Pessoa.