Mudanças no programa 'Mais Médicos' pauta debates entre parlamentares na CMJP

por Paulo de Pádua — publicado 20/11/2018 22h00, última modificação 01/07/2019 11h22
Saída do País de 11.400 médicos cubanos motivou discursos acalorados em plenário

As mudanças já anunciadas para 2019 no programa 'Mais Médicos' tomaram conta dos debates, nesta quarta-feira (21), durante o grande expediente da sessão ordinária na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). As vereadoras Sandra Marrocos (PSB) e Eliza Virgínia (PP) se revezaram na tribuna para opinar, divergindo sobre a saída do País de 11.400 médicos cubanos. O tema foi aparteado pelos vereadores João Almeida (Solidariedade), Raíssa Lacerda (PSD), Marcos Henriques (PT) e Carlão (DC).

Na tribuna, Sandra Marrocos, iniciou seu pronunciamento saudando todos os médicos e médicas cubanas: “Toda gratidão queridos e queridas companheiras 11.400 profissionais da Saúde”. Ela ressaltou que Cuba sabe fazer saúde, se preocupa com seu povo e não mercantiliza a medicina. “Não é o lucro que se busca, quando se pratica a medicina em Cuba”, elogiou.

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A parlamentar destacou que não é só no Brasil que os médicos cubanos exercem uma função de solidariedade, carinho e caridade para com o povo. Sandra acrescentou que esses profissionais, muitas vezes, vão a espaços desse País que nunca receberam, antes, atendimento médico. “Esses profissionais peguem parte dos recursos e de seus salários e encaminham para o Sistema de Saúde Cubano. Porque é um sistema que cuida de um povo”, comentou.

Em seu pronunciamento, Marrocos contou que conheceu um médico cubano na cidade de Patos/PB, e sua companheira Adriana, que veio com ele para o Brasil. “Não é verdade dizer que os médicos cubanos não podem trazer suas famílias. Isso não é verdade”, declarou.

Por sua vez, a vereadora Eliza Virgínia afirmou, em seu pronunciamento, que os médicos cubanos são impedidos, sim, de trazer suas famílias. “Tortura você ser privado do convívio familiar. A maior bandeira da esquerda é a separação da família e destruição de lares”, repudiou.

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Da tribuna, Eliza fez um apanhado histórico, com base em pesquisas e levantamentos biográficos, que Cuba deixou de ser financiada pela União Soviética, em 1999. “Nove anos após, Lula e Fidel Castro instituíram o Fórum de São Paulo. Ai Fidel fundou a Escola para Produção em Larga Escala. Vamos produzir médicos. Dizer que a medicina é a melhor do mundo. Começaram a produzir médicos que seriam negociados com os países membros”, contou a progressista, com base nas informações pesquisadas.

Ela disse que os médicos cubanos vieram com vigias para fiscalizar e amordaçar a boca dos profissionais de saúde. Eliza Virgínia revelou, ainda com base em levantamento feito na imprensa nacional, que quem definia o valor dos salários dos médicos cubanos era própria Cuba e não o Brasil. “O Tribunal de Contas da União não aprovou a medida, pois o tratamento diferenciado, entre médicos brasileiros e os vindos de Cuba, afronta o Código de Recrutamento da Organização Mundial de Saúde, que determina que o profissional da saúde, migrante, seja contratado, promovido e remunerado, de acordo com os critérios e objetivos, e com igual tratamento com o pessoal de saúde do país que vão trabalhar”, acrescentou Eliza.