Oposição critica precariedade do atendimento no Trauminha de Mangabeira e situação rebate

O atendimento oferecido no Complexo Hospitalar de Mangabeira Tarcísio de Miranda Burity, o Trauminha de Mangabeira, gerou debate entre os líderes da oposição e situação, Marcos Henriques (PT) e Milanez Neto (PTB), respectivamente, durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) desta quinta-feira (9). Marcos Henriques exibiu imagens gravadas em visita à instituição, na noite de ontem (8), e Milanez Neto rebateu a declaração de um médico que classificou o hospital como “fábrica de aleijados”.

O líder da oposição revelou que, após ouvir relatos sobre a situação precária em que se encontra o Trauminha, durante audiência pública realizada na tarde de ontem, decidiu fazer uma visita ao hospital e documentar com imagens o que encontrou. As gravações apresentadas pelo parlamentar retrataram salas e aparelhos de ar-condicionado com infiltrações, mofo, baratas, banheiros sujos e superlotação.

“Pacientes esperam há 30 dias pela realização de suas cirurgias, e o elevador que deveria transportar os pacientes do térreo para o primeiro andar está quebrado. Os médicos disseram que todo mês atendem maqueiros com problemas de coluna, devido à dificuldade de transportar pacientes”, denunciou. Marcos Henriques citou a declaração de um médico que se referiu ao hospital como “fábrica de aleijados”, devido ao atendimento tardio. De acordo com o profissional, pacientes que deveriam ser tratados em até sete dias para minimizar sequelas, na maioria das vezes não recebem atendimento adequado em tempo hábil, o que dificulta a recuperação e pode trazer graves consequências.

“É uma situação deplorável. Precisamos nos solidarizar com os médicos e enfermeiros que trabalham no Trauminha. Sugiro mudar a gestão da Saúde da nossa cidade para que haja alguma mudança. Após intervenção do Conselho regional de Medicina (CRM), pensei que a situação tinha melhorado, mas, nada foi modificado e a população continua sofrendo com o caos que está o Trauminha. Saí de lá com lágrimas nos olhos”, lamentou.

A vereadora Sandra Marrocos (PSB) comentou que, em visita da bancada de oposição junto com representantes do CRM ao Trauminha, os médicos afirmaram que não fechavam as portas da instituição em respeito à população. “São condições surreais e desumanas. Acho que Ana Giovana já deveria ter assumido a gestão da Saúde da nossa cidade. Adalberto só faz trapalhada, e isso precisa ser resolvido”, defendeu.

Leo Bezerra (PSB) sugeriu que a oposição encaminhe um ofício ao CRM e ao Sindicato dos Médicos solicitando nova visita conjunta ao hospital para, ‘in loco’, documentarem a situação e cobrarem uma solução diretamente à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Bruno Farias (PPS) afirmou que o Trauminha se transformou em um hospital de campana, desde o início da gestão de de Luciano Cartaxo (PV), e definiu a situação como “uma realidade dantesca, um clima de guerra”.

Líder da situação condena declarações do médico

Milanez Neto lamentou a declaração do médico sobre o Trauminha ser uma “fábrica de aleijados”. “Não vou dizer que o Trauminha é um mar de rosas, mas existem problemas em todos os hospitais da nossa cidade. É assim no Arlinda Marques e no Trauma (Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena). Existem muitas dificuldades para fazer uma dedetização, pois, é necessário isolar o ambiente”, explicou o líder da situação. “Mas, o que ouvi aqui hoje e na audiência de ontem é algo muito sério. Um médico que opera no Trauminha dizer que a instituição é uma ‘fábrica de aleijados’ é muito mais sério do que se possa imaginar”, afirmou.

O parlamentar avisou que vai rever a audiência de ontem com mais atenção para saber se esse é um posicionamento do médico ou do CRM. “Foi um médico efetivo da Prefeitura de João Pessoa, que presta serviços no Trauminha, que o definiu desta forma, como fábrica de aleijados? Se é uma fábrica de aleijados, o prefeito Luciano Cartaxo e a diretora Fabiana Araújo não têm nada a ver com isso, eles não operam. Não acredito que isso esteja acontecendo, existem limites no que se diz, não podemos colocar em dúvida o serviço prestado pelos médicos desse complexo hospitalar”, declarou.

Bruno Farias falou que, enquanto Milanez estava preocupado com a fala de um médico, a oposição estava preocupada com a situação dos paciente do Trauminha. “Não duvido da capacidade dos médicos. Duvido das condições de trabalho fornecidas para esses médicos trabalharem. Após intervenção, o CRM disse que não havia condições para os profissionais trabalharem, com falta de insumos básicos, elementos essenciais para desempenharem sua profissão. O prefeito não está com o bisturi, mas quem deixa de comprar o bisturi é ele”, rebateu.

Marmuthe Cavalcanti (PSD) destacou que os problemas na área de Saúde são generalizados no país todo, devido a atual crise financeira, mas que os investimentos possíveis estão sendo feitos. Carlão (DC) informou que, em 2016, cinco mil atendimentos foram realizados no Trauminha; que em 2017 esse número subiu e em 2018 já foi foi superado. Ele ainda destacou que o hospital recebe pacientes de outras cidade o que provoca a superlotação e os atrasos nos atendimentos e cirurgias.