Pai Renato Bonfim recebe Cidadania Pessoense
A luta contra o preconceito e a intolerância religiosa, a militância social, além da dedicação à garantia dos direitos das crianças e adolescentes, foram ações reconhecidas pela Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na tarde desta quarta-feira (13). Elas, entre outras, renderam ao conselheiro e fundador da Casa Cultural Ile Asé d’Osoguiã-AIO, o carioca Renato César Ribeiro Bonfim, o Título de Cidadão Pessoense, concedido em sessão solene, e proposto pelo vereador Bira (PSD).
Segundo o parlamentar, Pai Renato Bonfim, como é conhecido o homenageado, é mais que merecedor da honraria devido aos trabalhos sociais desenvolvidos em diversas frentes de atuação. “Os Projetos Arco-íris; Mulheres Pintando a Vida; Banco de Alimentos; Telecentro BR; a fabricação do sabão ecológico; as aulas de cultura afro-brasileira com inclusão digital, e o mapeamento das casas de terreiro de matrizes africanas em João Pessoa - trabalho junto à pesquisa universitária - são alguns dos exemplos”, salientou Bira.
“A Cidadania Pessoense conquistada por Pai Renato simboliza a resistência social, a luta contra a intolerância religiosa e que faz com que, através de uma instituição, existam vários projetos sociais voltados para crianças, adolescentes e jovens. Ele faz haver um protagonismo juvenil que merece reconhecimento e investimento, não só material, mas das políticas públicas sociais”, frisou Bira.
Homenagens a Pai Roberto Bonfim
Companheira há 34 anos do Pai Renato, Edmar Barbosa Bonfim, Mãe Tuca, revelou seu amor e admiração em um discurso cheio de revelações sobre momentos alegres e difíceis na vida de casal e de líderes religiosos. Após isso, ela exibiu um depoimento em vídeo da Tia Norma, a dona da casa pra onde Pai Renato recorria quando sua mãe queria lhe bater nos tempos de criança. Esse momento da solenidade fez Pai Renato Bonfim chorar.
Para o representante do Ministério da Cultura (MinC), Jorge Garcia, ter vivido em vários lugares e passado por diversas experiências deram uma sensibilidade ímpar a Pai Renato. “Os projetos da Casa de Cultura se preocupam em dar condições às pessoas para que elas possam crescer, oferecendo-lhes autonomia para que não sejam dependentes de um projeto social. A metodologia é interessante e precisa ser documentada para que possa ser espalhada por aí. Lembro que o recurso que não é bem utilizado não dá frutos e acho que isso dá a medida de sucesso dos projetos de Pai Renato”, destacou.
O secretário-adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), Joubert Fonseca, afirmou que é de se admirar o perfil de liderança social do homenageado, que trabalha por aqueles que mais precisam. “Necessitamos de pessoas como Renato no controle social. Pessoas capazes de debater, questionar e manter a seriedade do bom debate. Ele nos faz acreditar na igualdade, na sinceridade, em construir objetivos comuns, em lutar pelos nossos direitos, é uma história de vida que nos inspira”, comentou.
“Esse título é da Comunidade do Valentina, é de João Pessoa, é das comunidades de terreiros. Fico feliz, neste dia de Xangô, dia da Justiça, e resumo o caráter desta homenagem: não importa quem fez, importa que fizeram”, lembrou Pai Erivaldo D'Oxum, fundador da casa onde o homenageado foi iniciado, na Capital.
Há 4 anos na Casa de Cultura, o estudante Gabriel William disse ter muito orgulho de participar dos projetos sociais. Ao falar de Pai Renato, citou o líder como atencioso e brincalhão, que está sempre em conversas com todas as crianças a fim de descobrir o que elas estão precisando. “Além disso, ele nos ensina o conhecimento dos nossos direitos e deveres”, lembrou.
Novo cidadão pessoense discursa
Após confidenciar sentir uma alegria que não cabia em si e uma emoção que lhe remeteu aos seus nove anos, quando começou a bater seus primeiros tambores, Pai Renato refletiu a respeito das políticas públicas voltadas para a cidadania. Ele reforçou que os trabalhos da Casa Cultural são em prol da luta para que muitos consigam chegar à universidade. “Para que ocupem espaços públicos e privados, que estejam em cargos estratégicos socialmente e mostrem a nossa formação”, acrescentou.
“Temos um projeto único, o de acabar com o racismo e a intolerância religiosa em todo o Brasil. Deixo claro que estou do lado das políticas públicas afirmativas para o meu povo, e que esse Título não é meu, é de todos do Planalto da Boa Esperança, no bairro do Valentina. Desejo que todos assistidos pelos nossos projetos, em vez de honrarias, tenham o diploma da academia, pois só o conhecimento nos liberta. Vejo em cada um cidadão do bairro a razão maior de eu estar recebendo essa honraria na CMJP”, revelou Pai Renato Bonfim.
O homenageado é um dos primeiros líderes das religiões de matrizes africanas (ogan) a receber a honraria na CMJP.