Parlamentar afirma que censura ideológica fere direito do consumidor na Capital

por Damião Rodrigues — publicado 02/04/2019 21h00, última modificação 29/06/2019 00h02
Carlão (DC) comentou que a rede de cinemas Cinépolis, em João Pessoa, descumpriu um acordo de exibição do documentário “1964: o Brasil entre Armas e Livros”, realizado pela organização Brasil Paralelo

O vereador Carlão (DC) usou a tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na sessão ordinária desta quarta-feira (3), para afirmar que uma censura ideológica feriu o direito do consumidor na Capital. Em seu pronunciamento, o parlamentar comentou que a rede de cinemas Cinépolis, em João Pessoa, descumpriu um acordo com 157 expectadores que assistiriam o documentário “1964: o Brasil entre Armas e Livros”, realizado pela organização Brasil Paralelo, conhecida pelo revisionismo em vários fatos da história brasileira, a exemplo da descoberta do país.

De acordo com o vereador, o Cinépolis do Manaíra Shopping lançaria o documentário na última terça-feira (2), às 19h30, mas desistiu da exibição. “O Cinépolis firmou um contrato de R$ 3 mil com 157 pessoas, e agiu de forma ideológica ao não exibir o documentário, por pensar de forma contrária ao que seria apresentado. Precisamos fazer valer o Código de Defesa do Consumidor para combater essa ideologia nefasta de esquerda. Um grupo de 157 pessoas, entre elas jovens, pais, idosos, foi impedido de assistir ao filme. Que censura é essa? Que ditadura é essa que impede que um filme seja exibido?”, questionou o vereador.

Segundo ele, o filme traz a verdade nua e crua sobre os acontecimentos do ano de 1964. Para ele, a tomada de poder pelos militares foi uma investida contra um movimento comunista que queria assolar o Brasil. “Um comunismo que prefere queimar alimentos que vêm de quem pensa diferente de sua ideologia. Os militares assumiram o poder e só erraram porque ao invés de quatro anos, levaram vinte para restabelecer a democracia”, comentou.

Carlão também comentou que a organização ‘Brasil Paralelo’ está ciente do ocorrido e vai fazer com que a empresa sofra as sanções legais. O parlamentar afirmou que existe um complô dos cinemas no Brasil para impedir a restauração da verdade. “Essa esquerda caviar, que enriqueceu com o livre mercado, esquece que existem as leis consumeristas. O Cinépolis vai pagar caro, com o bolso”, reforçou.

Apartes

A vereadora Eliza Virgínia (PP) relatou que o filme também teve a exibição impedida no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). “Ontem à noite, na UFPB, um grupo de pessoas impediu que o documentário fosse exibido, não deixaram os alunos exercerem sua liberdade de expressão. Eles reagiram cantando o Hino Nacional, a violência ficou para os libertinos e maconheiros da universidade”, disse.

O vereador Bruno Farias (PPS) lamentou os episódios e defendeu que a democracia deve ser pluralista. “Até penso diferente sobre os acontecimentos de 1964. O Brasil viveu uma ditadura totalitária, em que ocorreram perseguições, tortura e assassinatos. Compreendo que o documentário do ‘Brasil Paralelo’ traz uma visão diferente do que ocorreu em 1964, alegando que houve uma reação dos militares contra uma ação da esquerda que queria instituir o comunismo no país. Como proletariado que era, João Goulart não vestiria a carapuça. Não existia força para se instalar uma democracia do proletariado no país. Toda ditadura é abominável. Sou a favor da democracia e temos que ter um ambiente de pluralidade”, defendeu.