Parlamentar aponta dados sobre o suicídio ao cobrar responsabilidade na abordagem sobre o tema

por Damião Rodrigues — publicado 15/10/2019 15h38, última modificação 15/10/2019 15h38
Colaboradores: Fotos: Olenildo Nascimento
Sandra Marrocos (PSB) externou sua incredulidade sobre declarações da vereadora Eliza Virgínia (PP), que afirmou ter oferecido arma para um amigo com depressão

A vereadora Sandra Marrocos (PSB) apontou dados sobre o suicídio ao cobrar responsabilidade na abordagem sobre o tema. Da tribuna da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), na sessão ordinária desta terça-feira (15), a parlamentar externou sua incredulidade sobre declarações da vereadora Eliza Virgínia (PP), que afirmou ter oferecido uma arma para um amigo com depressão, que apresentava motivação suicida. Eliza Virgínia rebateu as críticas alegando que a declaração polêmica foi uma “força de expressão” e que a reportagem não havia deixado claro toda a sua fala. 

“Não acreditei que alguém com o poder que tem a vereadora Eliza Virgínia pudesse dizer o que disse. Enquanto figura pública, o seu discurso chama atenção pelo poder das palavras e pela representatividade sociopolítica que a senhora tem. Não se pode admitir uma parlamentar dizendo que as doenças psicológicas dos jovens de hoje em dia são ‘por não saber receber um não’. Isso é muito sério”, advertiu Sandra Marrocos.

A socialista apresentou alguns dados divulgados recentemente em relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS): o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no mundo; a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, em uma estimativa que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano; no período de 2010 a 2016, as Américas apresentaram um crescimento da taxa de suicídios de 6%, enquanto a taxa global caiu 9,8%; e mais da metade dos casos de morte por suicídio no mundo (52,1%) ocorre entre pessoas com menos de 45 anos. 

Sandra ainda destacou que, segundo o levantamento da OMS, as principais formas de cometer suicídio foram: enforcamento, envenenamento com pesticidas e uso de armas de fogo. De acordo com a Organização, restringir o acesso aos meios que podem ser utilizados para cometer o ato é uma das ferramentas para diminuir casos de suicídio. “Eu tenho experiência de pessoa com depressão em minha família, e não é por falta de não. É uma doença muito séria, que atinge o psicológico do indivíduo. Precisamos de estratégias para identificação precoce de comportamentos, acompanhamento de pessoas em situação de risco e criação de programas para ajudar jovens a lidar com os problemas que surgem ao longo da vida”, arguiu. Para a vereadora, as afirmações irresponsáveis, baseadas no senso comum sobre a saúde mental, aliadas a momentos específicos do comportamento frágil alheio podem ter consequências irreversíveis.

Eliza explica o caso

Eliza Virgínia rebateu o pronunciamento da vereadora Sandra Marrocos alegando que sua declaração foi apenas “força de expressão”. “Eu lhe expliquei, vereadora, que em uma entrevista à Rádio Arapuã falei sobre vários assuntos, inclusive depressão. Então, comentei sobre a conversa com meu amigo, e na manchete não saiu a íntegra. Depois do trecho polêmico, que é uma força de expressão, porque a única arma que tenho em casa é minha bíblia, a gente conversou bastante, acrescentei que ele deveria pensar nos filhos, na esposa e ele saiu da depressão”, esclareceu a vereadora.

A vereadora progressista ainda alegou que não tem capacidade técnica para esgotar o assunto, porque não é psicóloga, mas sempre teve preocupação com o tema depressão. “É inadmissível o Conselho Regional de Psicologia emitir uma Nota de Repúdio baseada em uma manchete de jornal. Se o Conselho quiser, estamos juntos para discutir políticas públicas de prevenção ao suicídio”, disse a vereadora que recebeu, nesta terça-feira (15), uma Nota de Repúdio do Conselho Regional de Psicologia - Décima Terceira Região (CRP13) por suas declarações.