Parlamentares debatem as homenagens da CMJP ao Dia da Mulher

por Haryson Alves — publicado 18/02/2020 16h14, última modificação 18/02/2020 16h14
Colaboradores: Fotos: Olenildo Nascimento
Eliza Virgínia (Progressistas) e Sandra Marrocos (PSB) divergiram quanto à entrega de certificados pela Casa Legislativa a mulheres de destaque na Capital

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e as homenagens que, anualmente, a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) promove em função da data, foram tema de discussão entre as vereadoras Sandra Marrocos (PSB) e Eliza Virgínia (Progressistas). O assunto permeou o pronunciamento de ambas, durante a sessão ordinária desta manhã de terça-feira (18). As parlamentares divergiram quanto à definição de uma data em comum para que a CMJP realize a entrega de certificados a mulheres que encabeçam iniciativas de destaque na sociedade paraibana. 

Sandra Marrocos requereu o dia 13 de março para a entrega do Diploma Mulher Cidadã Ednalva Bezerra às homenageadas e Eliza Virgínia preferiu participar, no dia 25 de março, de uma sessão especial proposta pela Mesa Diretora da Casa, para debater o Dia da Mulher, na qual as homenageadas pelo seu gabinete participariam de uma solenidade diferente. Segundo Eliza Virgínia, não seria coerente seu gabinete oferecer o mesmo diploma a mulheres que não comungam com ideias como as de esquerda, feministas, sindicalistas ou de defesa do aborto.  

O Dia da Mulher é para celebrarmos nossas conquistas e vitórias. A CMJP, em 2017, fez um Decreto Legislativo no qual seu Artigo 4 estabelece que a diplomação em homenagem às mulheres deve acontecer em sessão especial anual, com a entrega do Diploma Mulher Cidadã Ednalva Bezerra, reconhecendo a atuação de mulheres que se destacam na sociedade. Criamos o diploma para que a comemoração do Dia das Mulheres não se transformasse em um momento de disputas ideológicas nesta Casa, independente do credo religioso das homenageadas ou de suas orientações. Pedi a Eliza que entregássemos os diplomas numa mesma sessão, mas ela se negou”, informou Sandra.

Eliza Virgínia salientou que Ednalva Bezerra era militante de esquerda, sindicalista, secretária de políticas sociais e coordenadora de núcleo temático de discussões de gênero da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Certas mulheres não me representam. Não posso aceitar que meu gabinete indique mulheres a serem homenageadas por uma comenda que leva o nome de alguém que defendia o aborto. Não compactuo com ideias de feministas que trazem a igualdade de gênero para uma feminilização do homem e e uma masculinização da mulher. Não vou submeter as mulheres que me admiram e sentem-se representadas pelo meu mandato para um diploma que leva o nome de uma abortista, de alguém com quem não me sinto representada. Minhas homenageadas são conservadoras e não insultam a gravidez como uma prisão”, explicou Eliza.

Apartes 

Em aparte, Raíssa Lacerda (PSD) reforçou que Eliza quer democratizar a homenagem. “Sou contra o aborto. Há mulheres conservadoras, como nós, que não vão se sentir homenageadas com o Diploma Mulher Cidadã Ednalva Bezerra. Que seja uma festa linda e democrática. Que respeitemos todas as mulheres que queiram estar onde quer que desejem estar”, opinou. Marcos Henriques (PT) deu luz à importância social que Ednalva Bezerra teve e observou que “um decreto legislativo jamais deve ser sucumbido por um pedido de sessão”. Para Carlão (DC), “os debates que aconteceram fazem parte de uma nova política, em que as pessoas começaram a entender que há diferenças políticas e ideológicas, como as da esquerda e da direita”.