Parlamentares, professores e estudantes cobram inclusão da língua espanhola na educação do Município

por Paulo de Pádua — publicado 03/04/2019 21h00, última modificação 28/06/2019 23h39
Tema foi debatido em audiência pública na tarde desta quinta-feira, na Câmara da Capital

A inclusão da língua espanhola nas escolas da rede pública municipal ganhou força nos debates ocorridos durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (4), no plenário da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O encontro reuniu professores de espanhol, alunos e representantes de entidades que defendem e discutem a importância da língua estrangeira no contexto social, cultural e econômico.

Os participantes defenderam que a inclusão da disciplina na grade curricular da educação do município vai oxigenar a economia local, ajudar no intercambio internacional e preparar os estudantes que prestam o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para enfrentar o certame.

O propositor da audiência, vereador Carlão (DC), ocupou a tribuna da Casa para destacar a importância da inclusão do espanhol no ensino público municipal e descartou qualquer oneração dos cofres públicos ao adotar a medida. “Isso jamais vai representar gasto com pessoal. Vai significar uma redução dos recursos investidos na segurança pública e uma oportunidade melhor na vida das pessoas, garantindo a independência dos cidadãos. A língua espanhola é a segunda língua mais falada no mundo, e 80% dos estudantes que se preparam para o ENEM escolhem essa língua pra a prova”, ressaltou.

Além de Carlão, formaram a mesa da audiência a vereadora Eliza Virgínia (PP), que secretariou os trabalhos; os presidentes Gilberto Silva, da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme) – Seccional Paraíba, e Jair Ibiapino, da Associação dos Professores de Espanhol do Estado da Paraíba (APEE-PB); a professora Luciene de Almeida Santos, coordenadora adjunta do Curso de Letras Espanholas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) – Campus I; a coordenadora de projetos da Secretaria Municipal de Turismo (Setur), Eleonora Bronzeado; e a aluna secundarista Bruna Correa.

Na ocasião, Eliza Virgínia se propôs a reativar a Frente Parlamentar da Educação na Casa, para discutir internamente o tema e interceder, junto ao Poder Executivo Municipal, a favor da implantação da disciplina na educação do município. O presidente da APEE-PB, Jair Ibiapino, lembrou que já existe a Lei 11.191/2018, que inclui a disciplina de língua espanhola no currículo do ensino médio da rede estadual de ensino. Segundo ele, a inclusão da disciplina na educação do município vai fortalecer a economia, pois, hoje, não existe no mercado trabalhadores de hotéis, restaurantes e motoristas de táxi aptos a atender turistas de países latinos, como Argentina e Uruguai.

Jair destacou a importância dos alunos selecionados no programa de intercâmbio internacional do Governo do Estado “Gira Mundo” aprenderem a língua espanhola, para poderem se comunicar melhor em países da América Latina. “São países com línguas irmãs, derivadas do latim, e que são bem próximos”, comentou. Ele informou que 150 escolas públicas do Estado, de tempo integral, já oferecem a disciplina, o EJA (Educação de Jovens e Adultos) já ensina e a cidade de Areia foi a primeira, na Paraíba, a incluir a disciplina nas escolas.

Já o presidente da Uncme, Gilberto Silva, endossou que o espanhol já é ensinado na maioria dos municípios brasileiros. Ele disse não entender por que só a capital paraibana ainda não adotou a medida. “Onze municípios paraibanos já têm projetos para incluir a língua espanhola em salas de aulas”, afirmou Silva, revelando que nas cidades de Cabedelo e Bayeux as discussões sobre esse tema estão bem avançadas. Na opinião da professora Luciene, garantir a inserção do espanhol nas escolas é dar a oportunidade aos alunos das escolas públicas de serem cidadãos do mundo.