Professora universitária recebe cidadania pessoense pelo trabalho em defesa da saúde
“Nada melhor na vida do que ter seu trabalho reconhecido por sua cidade. Sou sertaneja e fiz minha formação toda em Sousa, mas foi na Capital paraibana que recebi minha formação universitária”. O comentário foi feito pela professora Maria Fátima de Sousa que, na tarde desta terça-feira (17), recebeu o Título de Cidadã Pessoense, em sessão solene ocorrida na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). A propositura foi do vereador Tibério Limeira (PSB).
Com um vasto currículo profissional, a homenageada, que nasceu em São José da Lagoa Tapada, exerceu várias funções acadêmicas e participou de atividades importantes em defesa da melhoria da saúde dos municípios brasileiros, em especial de João Pessoa. "Esse Título não me pertence. Sinto-me apenas uma porta-voz desse reconhecimento”, declarou Maria Fátima. Segundo ela, receber tão nobre honraria, concedida pela Câmara e seus vereadores, só aumenta sua corresponsabilidade no trabalho de busca pela cidadania plena.
Em seu discurso, o vereador Tibério afirmou que, mesmo com todos os reconhecimentos, a professora continua sendo, acima de tudo, uma grande militante política, uma referência para muita gente. “Esse Título concedido à professora Maria Fátima é, além de uma bela homenagem, um ato de resistência em defesa da nossa saúde pública”, ressaltou. Durante a solenidade, foi apresentado um vídeo sobre a vida da professora e o Coral da Câmara Antônio Leite de Figueiredo, regido pela maestrina Socorro Estrela, cantou a música “Tocando em Frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira.
A homenagem foi prestigiada pelo vereador Marcos Henriques (PT), bem como por amigos e familiares da professora Maria Fátima de Sousa. Dentre eles, a reitora da UFPB, Margareth Diniz; a defensora pública Maria dos Remédios; as professoras Ana Valéria Machado e Roseana Meira; e os professores da UFPB, José da Paz, do Departamento de Enfermagem Clinica, e João Euclides, diretor de Ciências da Saúde.
Para João Euclides, a concessão da cidadania pessoense à professora é um reconhecimento à humildade e simplicidade de uma pessoa que tem os pés no chão. A professora Ana Valéria classificou Maria Fátima como sendo uma mulher justa, solidária e comprometida com a formação dos trabalhadores. Já a defensora pública Maria dos Remédios disse que estava orgulhosa em participar da homenagem e considerou a iniciativa do parlamentar muito feliz.
Atividades acadêmicas e reconhecimento pelo trabalho
Maria Fátima de Sousa foi professora associada do Departamento de Saúde Coletivo, da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília e militante pastoral da juventude nos anos 80. Cursou enfermagem na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), participou de lutas do movimento estudantil e de trabalhos de iniciação científica. Na mesma década, participou também do processo da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que viabilizou a pressão popular na Constituinte e criou o Sistema Único de Saúde (SUS).
Além disso, na Capital, a professora atuou como coordenadora do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), projeto piloto fundamental para criar a atenção básica no Brasil. Em Brasília, coordenou em 1993 a Gerência Nacional do PACs, a convite do Ministério da Saúde (1994-2001), sendo assessora, à época, na implantação do Programa de Saúde da Família (PSF) no Brasil. Ela tem Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UNB) e fez residência em Medicina Preventiva e Social.
A homenageada tem, ainda, formação no exterior. Em 2010, recebeu em Washington, nos Estados Unidos, o prêmio Sérgio Arouca para Excelência em Atenção Universal à Saúde, concedida pela Fundação Pan-Americana para Saúde e Educação (PAHEP) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Pela UFPB, recebeu o Titulo de Doutora Honoris Causa, em 2014.