Sessão especial trouxe à tona discussões sobre o ensino da capoeira nas escolas

por Paulo de Pádua — publicado 04/09/2019 09h50, última modificação 04/09/2019 09h50
Colaboradores: Fotos: Olenildo Nascimento
Parlamentares, gestores municipais e profissionais do segmento pautaram o tema na CMJP

 A capoeira como disciplina obrigatória nas escolas públicas, como instrumento de inclusão social e para fortalecer a cultura afro-brasileira. Esses foram os três principais assuntos abordados, na tarde desta terça-feira (3), durante sessão especial, na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). Parlamentares e representantes de vários grupos capoeiristas e da Prefeitura da Capital participaram das discussões e destacaram a importância da atividade para a formação da cidadania.

A sessão foi presidida pelo vereador João Almeida (Solidariedade), autor da propositura, e contou com as presenças do vereador Carlão (DC), que secretariou os trabalhos da mesa; do vice-prefeito Manoel Júnior (Solidariedade); o secretário-adjunto da Administração Municipal, Eduardo Pedrosa; o diretor de Gestão Curricular (DGC) e o presidente do Conselho Municipal de Educação (CME), Gilberto Cruz; o contra-mestre Evaldo Batista, mais conhecido como mestre “Morcego”; o vice-presidente da União dos Capoeiristas do Planalto da Borborema (UCPB); e o mestre Márcio Rodriges, (Rapozão), do Grupo “Terra Firme”.

Durante seu pronunciamento, João Almeida destacou, entre outras coisas, que a capoeira é um símbolo da cultura afro-brasileira, da miscigenação de etnias, da resistência à escravidão e está difundida em dezenas de países por todos os continentes. O parlamentar defendeu a implantação da atividade nas escolas públicas e privadas do município, classificando-a como importante para a inclusão social. “É uma atividade em que a pessoa não aprende apenas a dar pernada. Mas a sociabilizar, a respeitar o próximo e a obedecer hierarquia. Com a capoeira, a pessoa também aprende teatro, música, dança e, principalmente, a conhecer nossa identidade, a verdadeira história e a cultura afro-brasileira”, comentou. 

João Almeida destacou, ainda, uma Indicação de sua autoria, em trâmite na Casa, que institui a capoeira como atividade complementar da grade curricular dos alunos da rede municipal de ensino do município de João Pessoa. “Não tenho dúvidas de que vamos aprovar esse projeto e, depois, contaremos com o apoio da Gestão Municipal”, afirmou. O vereador Carlão parabenizou a inciativa de Almeida, destacou a importância da presença do vice-prefeito da Capital, Manoel Júnior, na sessão, bem como considerou a Indicação fundamental para a consolidação da capoeira nas escolas públicas.

Gestores apoiam a inciativa

Já o vice-prefeito Manoel Júnior disse que estava voltando à Casa de Napoleão Laureano em um momento oportuno e de extraordinária importância. Ele considerou, em seu pronunciamento, a capoeira como sendo um patrimônio do Brasil e uma atividade reconhecida no mundo. “É de grande importância essa atividade no convívio dos jovens, crianças e adultos, pois ajuda, efetivamente, na formação cidadã dos indivíduos”, observou. Manoel Júnior sugeriu, inclusive, que a proposta pode ser inserida, em 2020, no orçamento do Município.

O secretário-adjundo Eduardo Pedroza lembrou de um episódio ocorrido com ele, em uma cidade dos Estados Unidos, onde conheceu um policial que havia aprendido capoeira e falava fluentemente português, influenciado pela atividade. Pedroza se colocou à disposição do movimento para ajudar no que fosse necessário, junto à Prefeitura.

O professor Gilberto Cruz disse, por sua vez, que quando o projeto chegar na Diretoria de Gestão Curricular, vai encaminhá-lo para apreciação no Conselho Municipal de Educação e discutir o assunto com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Sedec), Edilma Freire. “A proposta resgata vidas”, afirmou Cruz.

Capoeiristas falam da importância da atividade nas escolas

O contra-mestre Morcego falou do projeto de capoeira implantado nas escolas públicas da rede de ensino de Campina Grande, idealizado pelo UCPB, e que conta com o apoio de empresas privadas. O projeto já existe há 13 anos em 110 escolas municipais e atende, em média, 6 mil crianças e adolescentes. Segundo ele, a Lei 10.639 “diz que nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira, desde 2003”. Na ocasião, o contra-mestre apresentou slides de como funciona o projeto no Compartimento da Borborema.

Representantes de vários movimentos capoeiristas de João Pessoa também falaram sobre o tema. O mestrando Ubiratan Ferreira (Maioso), do grupo ‘Axé Capoeira’, informou que a capoeira vive uma luta constante em busca de seu reconhecimento. “A capoeira desenvolve um belíssimo trabalho comunitário e transforma a vida das pessoas da periferia”, acrescentou. O mestre Marco Antônio (Zunga), da ‘Escola Afro Nagô’, disse que os capoeiristas precisam ser valorizados e incentivados a ensinar os estudantes nas escolas. “Um trabalho cidadão que precisa ser reconhecido”, enfatizou. O mestre “Rapozão” completou, destacando que a atividade oferece vários benefícios importantes e saudáveis à sociedade. “A profissão tem que ser valorizada ainda mais”, frisou.

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