Setembro Amarelo: valorização da vida e prevenção ao suicídio são lembrados em sessão da Câmara de JP
De janeiro a junho deste ano o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) atendeu 60 tentativas de suicídio na Capital. Além disso, a cada três dias, uma pessoa dá entrada no Hospital de Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, pelo mesmo motivo. Justamente para tratar deste tema que Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, nesta manhã de sexta-feira (14), uma sessão alusiva ao Setembro Amarelo, mês que busca a conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio. A propositura foi do vereador Milanez Neto (PTB), sendo secretariado por Tibério Limeira (PSB).
Na ocasião, lembrou-se que o Centro de Valorização à Vida (CVV), oferece aconselhamento gratuitamente a partir do número 188, além do SAMU e Corpo de Bombeiros, acionados no telefone 192. Essas entidades podem oferecer ajuda às pessoas que se sentem solitárias, estão enfrentando problemas aparentemente sem solução ou acham que a melhor forma de amenizar o sofrimento seja retirando a própria vida. “A abordagem pode fazer toda a diferença quando tentamos impedir tentativas de suicídio. Prezamos pelo respeito, a humanização e o diálogo”, destacou o psicólogo e tenente coronel do Corpo de Bombeiros Eric Francisco de Oliveira.
Milanez Neto salientou que a discussão a respeito da vida tem se tornado cada dia mais importante . “Cada um de nós passa por dificuldades e muitos se sente em um beco sem saída. Devemos entender que recorrer à terapia psicológica e psiquiátrica não é coisa de outro mundo. Quase 32 pessoas no Brasil atentam contra a própria vida por dia. E diante disso, sabemos que o suicídio não significa apenas tirar acabar com sua vida, mas deixar marcas na de seus familiares também”, opinou o vereador.
Para ele, diversos fatores estão envolvidos na questão e “com educação, teríamos menos violência, redução do consumo de drogas, mais difusão do amor e resgate de valores, o que poderia culminar com menos suicídio. A família precisa estar mais presente, nós do poder público podemos fazer mais e ações nas escolas podem promover mudanças efetivas a favor da vida”, defendeu Milanez Neto.
Suicídio é a 4ª maior causa de morte no Brasil
Segundo o coordenador do CVV na Capital, Natanael Muniz, a cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio no mundo, superando um milhão por ano. “A cada três dias, uma pessoa dá entrada no Hospital de Trauma de João Pessoa por tentativa de suicídio. Vale salientar que há mais casos, pois quem conseguiu consumar o ato não precisa dar entrada em hospital. O problema já se tornou a terceira causa de morte no planeta, e no Brasil, está chegando a ser a quarta, matando mais que a Aids”, garantiu.
O CVV existe no Brasil há 57 anos e, em João Pessoa, há 32 anos, com um espaço no Lactário da Torre, funcionando com pessoas que fazem atendimento emocional por telefone voluntariamente. “Nós ouvimos quem está na sua solidão, sofrendo com sua angústia, dar atenção aqueles que acham que ninguém quer os ouvir”, comentou Natanael Muniz.
Idosos são esquecidos
A secretária-adjunta de Saúde da Capital, Ana Giovanna Medeiros, lembrou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem promovido rodas de conversas, a quebra das barreiras entre profissionais e pacientes e mais humanização desde o acolhimento a pessoas que precisam de ajuda. “Uma das faixas etárias que mais comete suicídio é a de idosos. Alguém que chega à melhor idade já deve ter cuidado de outras pessoas. Devemos olhar por quem chega nessa etapa da vida”, frisou. Além disso, ela destacou a importância da luta antimanicomial como forma de também humanizar e tratar de forma mas eficaz quem tem problemas psiquiátricos.
SAMU de JP registra 143 intoxicados, de janeiro a junho de 2018
Já a Coordenadora-Geral do SAMU na Capital, Érika Rivena, informou que o serviço contabilizou, de janeiro a junho deste ano, 60 tentativas de suicídio em João Pessoa. Além destes, no mesmo período, o Samu também registrou 143 casos de intoxicação exógena, que acontece quando pessoas passam mal por drogas ilícitas ou até lícitas, como medicações receitadas por médicos, para tratar depressão, por exemplo.
“É difícil diagnosticar a dor que é diferente da que se resolve apenas com uma medicação ou cirurgia. Pessoas que estão se sentindo à beira de um abismo precisam ser levadas mais a sério. Devemos ser menos mecânicos com o ser humano, desde o estágio da infância. As pessoas estão sendo criadas e se sentindo mais sozinhas no mundo, sem socialização, mais apegadas a aparatos eletrônicos e vivendo em bolhas”, analisou Érika Ravenna.
Vereador vai solicitar campanhas à Prefeitura da Capital
No fim da sessão especial, Milanez Neto disse que a família precisa estar mais unida e presente na vida de seus entes. “Somos seres humanos e precisamos salvar vidas, e algumas formas de fazer isso é dialogando, se colocando no lugar do outro, sendo mais caridoso. O tempo não volta e precisamos cada um de nós nos doarmos ao nosso semelhante. Vou solicitar à Secom-JP mais campanhas educativas relativas à prevenção ao suicídio”, prometeu o vereador.