Trabalho com capoeira inclusiva e reabilitadora rende cidadania pessoense ao Mestre Raposão na CMJP

por Secom CMJP — publicado 20/12/2021 16h13, última modificação 20/12/2021 16h13
Colaboradores: Fotos: Olenildo Nascimento
Márcio Rodrigues de Lima recebeu o Título de Cidadão Pessoense das mãos do vereador Junio Leandro (PDT)

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) concedeu, na manhã desta segunda-feira (20), o Título de Cidadão Pessoense ao professor de capoeira paulistano Márcio Rodrigues de Lima, conhecido como Mestre Raposão, em reconhecimento a seu trabalho no esporte, principalmente com a capoeira inclusiva e reabilitadora. A cidadania e a sessão solene de homenagem foram propostas pelo vereador Junio Leandro (PDT).

O vereador Junio Leandro iniciou sua justificativa lembrando a trajetória de vida do homenageado, natural da cidade de São Paulo, desde seu início na capoeira em 1985 na cidade natal, sua vinda para João Pessoa no final da década de 80, seu desenvolvimento e reconhecimento no esporte, até a criação de projetos pioneiros de capoeira inclusiva e reabilitadora na Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad) e no Instituto dos Cegos da Paraíba.

Durante seus longos 36 anos ininterruptos trabalhando pela capoeira, foi o realizador de grandes feitos, proporcionando grande aprendizado e mudanças significativas em sua vida e de seus alunos. Uma vida inteira entrelaçada com esta arte maravilhosa, promovendo cultura, trabalho, educação, aceitação, reabilitação e muito amor durante essa jornada”, afirmou Junio Leandro.

O parlamentar ainda destacou a importância do reconhecimento do trabalho do capoeirista. “Nada mais justo do que a CMJP e a cidade reconhecerem os relevantes serviços, através da capoeira, que ele vem prestando a João Pessoa e seus moradores, com cultura, inclusão, união, amor em um trabalho que envolve vários aspectos e que melhora não só a condição do indivíduo, como de toda a comunidade”, enfatizou.

O homenageado, em seu pronunciamento, agradeceu ao vereador Junio Leandro por demonstrar atenção à capoeira não apenas em datas alusivas: “O capoeirista tem que ser visto todo dia”. Ele afirmou que a capoeira é uma ferramenta para a sociedade e, portanto, deve ser valorizada. “Além de ser um esporte, é um esporte que pode reavivar”, enfatizou. Raposão ainda lembrou o preconceito enfrentado pelos capoeiristas e concluiu: “Está na hora da gente quebrar esse tabu, essa barreira”.

 

Reconhecimento

É um prazer enorme estar nesse lugar de poder reconhecendo o Mestre Raposão como cidadão pessoense em uma trajetória de luta e transformação, de um lutador da roda, da rua, para educador de sala de aula. Parabéns, gratidão e axé a todos!”, declarou a Mestre Malu, agradecendo e classificando a iniciativa do vereador Junio Leandro como um olhar para a periferia.

O professor Vagner Barreto, conhecido como Camundongo, agradeceu a trajetória de aprendizado que teve com o Mestre Raposão. “Quero expressar a minha gratidão. Nunca trabalhei com outra coisa a não ser a capoeira e aprendi isso vendo o Mestre Raposão. Graças a isso, tivemos a oportunidade de espalhar e desenvolver a capoeira não só no nosso estado, mas para o Brasil e para o mundo”, afirmou o professor Camundongo agradecendo o empenho do Mestre Raposão nesse desenvolvimento.

A Coordenadora do Núcleo de Educação Física e Paradesporto da Funad, Verônica Cavalcanti, também agradeceu os trabalhos do Mestre Raposão. “A palavra hoje é gratidão. Enquanto coordenadora, reconheço o trabalho de Márcio. Mesmo com usuários com alguma deficiência mais comprometedora, ele sempre acolhe e consegue fazer seu trabalho. Temos agora um desafio muito grande que é o autismo. Mas ele abraçou essa causa, está atendendo e dando resultados”, destacou Verônica Cavalcanti parabenizando o vereador pela iniciativa.

O presidente fundador da Associação de Capoeira Terra Firme, mestre Hulk, do Rio de Janeiro, destacou o trabalho desenvolvido pelo homenageado na Funad. “Tenho certeza que é o maior trabalho feito com uma instituição que acolhe crianças especiais no Brasil inteiro, talvez no mundo. Ele se dedica tanto a esse trabalho, que ele vem crescendo a cada dia. Temos muito o que aprender com esse trabalho que mestre Raposão desenvolve com tanto carinho e dedicação”, elogiou.

 Como presidente do Conselho de Mestres eu vejo que esse reconhecimento não é só para o mestre Raposão, é para o segmento da capoeira. Essa porta foi aberta e muitos outros vão passar daqui pra frente. É aqui que a luta começa”, projetou mestre Cabedelo.

 

Capoeira: Educação e Cidadania

Representando o grupo Palmares, mestre Dário afirmou que a concessão do Título ao mestre Raposão é o primeiro passo para o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos capoeiristas nas comunidades e escolas. “Nós, capoeiristas, ocupamos os espaços escolares há bastante tempo, mas nós não estamos dentro do currículo oficial das escolas. Somos chamados para promover atividades e discussões na semana do folclore e no mês da consciência negra. Isso é um reconhecimento dado à capoeira, mas, esse reconhecimento precisa ser oficializado”, cobrou.

Capoeira é arte, é dança, é luta, é esporte”, ressaltou Theodan Stephenson, diretor da Divisão de Educação Física, Saúde e Esporte Escolar (Defise) da Secretaria de Educação. Ele acredita que a capoeira é um instrumento importante de educação, e, segundo afirmou, a presente gestão tem olhado com sensibilidade para ela. Theodan contou que também será demandada a implementação desse esporte nas escolas: “Tudo tem sido feito passo a passo para que isso aconteça da melhor forma possível”.

Representando o Grupo Capoeira Brasil, Ligeirinho, que vive da capoeira há mais de 20 anos, também reconhece no esporte o potencial de transformar vidas. O capoeirista narrou que foi após uma conversa com Raposão que conheceu vários países, levando o nome da Paraíba, tendo sido, inclusive, vice-campeão mundial. “A capoeira transforma vidas, como transformou a minha”, disse.

A capoeira não é só levantar as pernas, é um processo de formação que precisa ser reconhecido por todos. Na roda, a gente não está só aprendendo a tocar berimbau e aprendendo a história da capoeira, a gente está formando cidadãos”, avaliou a professora Nina.

Pautar a cultura afro-brasileira não é fácil. Reconhecer a importância desse trabalho, colocar a capoeira como pauta, é enxergar a necessidade de mostrar que essa arte contribui para a formação humana. Sou um educador de capoeira e entendo o quanto é importante desenvolvermos políticas públicas com a nossa arte”, defendeu o professor Guerreiro.