Trauminha funciona com improvisos e precariedade, aponta vereador

por Haryson Alves — publicado 08/06/2016 21h00, última modificação 16/07/2019 15h00
Bruno Farias (PPS) visitou a unidade com os vereadores Fuba (PT) e Renato Martins (PSB)

O vereador Bruno Farias (PPS) criticou o que chamou de situação precária no Complexo Hospitalar de Mangabeira Tarcísio Burity, o Ortotrauma ou Trauminha de Mangabeira. O parlamentar visitou a unidade, na última quarta-feira (8), com Fuba (PT) e Renato Martins (PSB), e revelou o comentário de um dos médicos do Hospital, que não foi identificado, apontando uma dívida de R$ 3 milhões com a empresa que fornece material ortopédico; estrutura precária; falta de insumos e entre outros problemas.

O assunto permeou o discurso de Bruno Farias durante a sessão ordinária desta quinta-feira (9), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O parlamentar lembrou que, entre março e abril deste ano, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) detectou diversas irregularidades no Ortotrauma e assinalou um prazo de 30 dias para que a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) pudesse sanar as falhas sob pena de promover uma intervenção ética na unidade.

Segundo explicação de Bruno Farias, intervenção ética é o termo utilizado para dizer que determinada instituição de Saúde não tem mais condições para que o serviço médico seja realizado. “Em 7 de maio, 30 dias depois do prazo estipulado pelo CRM-PB, a PMJP pediu prorrogação do período até o início de junho. Agora, pediu mais uma dilatação. Infelizmente, tenho que, lamentando, dizer que o CRM-PB pode conceder quantos prazos forem solicitados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), seu secretário, Adalberto Fulgêncio, ou pelo prefeito da Capital, Luciano Cartaxo (PSD), que a situação não vai ser resolvida”, comentou Bruno Farias.

Ao exibir fotos da visita realizada, Bruno Farias disse que a Saúde não é prioridade para esta Gestão Municipal. “A situação não será solucionada, pois falta capacidade e competência ao secretário para enfrentar os problemas da saúde pública. Nem as celas do Presídio Sílvio Porto são tão desumanas quanto as dependências do Trauminha”, comparou Bruno Farias.

As imagens exibidas pelo vereador revelaram infiltrações, falta de higiene, problemas na estrutura física dos ambientes, como no teto e em paredes, tomadas de energia elétrica quebradas, ralo com esgoto aberto em pleno bloco cirúrgico, portas quebradas, entre outros. “As pessoas têm que levar garrafões de água para dar banho nos pacientes e realizar a limpeza das enfermarias. À noite, as baratas tomam conta do Hospital, foi o que nos relataram usuários e profissionais do local”, enfatizou Bruno Farias.

Relato de um médico não identificado

O vereador Bruno Farias ainda leu a mensagem de um dos médicos do Ortotrauma, que procurou o parlamentar em apelo para que haja intervenção na unidade. A pedido do profissional, sua identidade não foi revelada.

“O discurso aqui dentro é dizer que há uma superdemanda. Não é verdade. Não há material para operarmos e dar rotatividade aos leitos. Os pacientes ficam até 60 dias esperando por cirurgias. A dívida com a empresa que fornece material ortopédico chega a R$ 3 milhões”, leu Bruno Farias, segundo a mensagem do médico.

O profissional ainda apontou que, no Ortotrauma, todos convivem com pisos descolados, portas caindo e remendadas, paredes quebradas e ares-condicionados que não funcionam. Ele ainda indicou que há capotes protetores de chumbo nas salas de Raio X velhos, tesouras que não cortam direito, materiais específicos da ortopedia que estão obsoletos e anestesistas que não possuem as drogas ideais para os procedimentos de anestesia.

“Estamos o tempo todo improvisando. Não imaginamos jamais, quando levamos nossos amigos e parentes ao Hospital, que a instituição se utilize de meios que não são ideais, que a entidade pratica algo parecido com medicina. Nossos cidadãos estão vivenciando o caos”, relatou Bruno Farias, ainda em relação ao discurso do médico do Trauminha de Mangabeira.

Central de Regulação é uma necessidade

Em contrapartida, o sexto orador do dia, vereador Bira (PSD), usou seu pronunciamento para avisar que, na próxima semana, vai expor na CMJP dados de uma visita recente que realizou no Trauminha, um dia após a ida dos oposicionistas. “Fiz questão de ir em todos os pontos que a oposição visitou. Trarei meus dados, impressões e fotos em relação à questão levantada”, observou Bira.

Segundo o parlamentar, os dados que ele vai expor referendam a necessidade de instalação de uma Central de Regulação do Estado da Paraíba. “O Governo da Paraíba é omisso com relação a esta problemática. Os vereadores poderiam visitar outros hospitais, como o do Valentina, que funciona 100% com recursos próprios”, sugeriu Bira.

Para o vereador, os parlamentares da CMJP teriam que, acima de tudo, discutir de outra forma as questões levantadas acerca da Saúde. “Não é querendo o pior para essas estruturas que resolveremos os problemas. Temos que discutir resolutividades e eficiência na Gestão Municipal, ou como o Estado e o Município podem se unir para resolver os gargalos que temos na Saúde em João Pessoa. A Capital está respondendo pelos problemas em outras unidades, o sucateamento de outros hospitais, e pelo atraso na construção de outras unidades e maternidades, como a de Santa Rita”, opinou Bira.