Vereador critica inércia de Governo Federal na contenção de óleo em praias do NE
“O óleo está atingindo toda a costa nordestina, o que se caracteriza como um dos maiores, senão o maior, desastre ambiental já ocorrido no Brasil, infelizmente. É fundamental que a gente possa reconhecer as iniciativas que estão sendo tomadas e denunciar, criticar, a inércia de quem não está tomando as iniciativas ou ações importantes para combater esse desastre”, declarou Tibério Limeira (PSB), durante pronunciamento na sessão desta terça-feira (22), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP).
O vereador informou que o óleo se espalhou por 2.200km de extensão, atingindo 176 praias e mais de ¼ do litoral brasileiro. Ele destacou que, desde 2013, o Brasil conta com o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Água (PNC), que articula órgãos e instituições para combater os derramamentos, e define os procedimentos que devem ser tomados na ocasião desses incidentes. O vereador enfatizou que as manchas de óleo foram encontradas no final do mês de agosto e, até hoje, o Plano ainda não foi acionado.
“O ministro Ricardo Sales vai para as redes sociais apenas para fazer politicagem barata, perguntando por que o Green Peace não está envolvido nessa limpeza das praias do Nordeste, sem afirmar quais as responsabilidades e quais as medidas que o Ministério do Ambiente está tomando, depois de mais de um mês de quando apareceram as primeiras manchas. É fundamental que a gente possa denunciar o que está acontecendo, essa inércia do Governo Federal e o quanto esse acidente é grave para a humanidade. Toda a fauna e todo ecossistema marinhos estão sendo atingidos por esse óleo, e ainda não há uma investigação consistente para saber de onde el vem”, enfatizou.
Para o parlamentar, se o desastre estivesse acontecido no litoral sudeste, talvez a reação do Governo Federal fosse diferente. “Se essa mancha de óleo estivesse aparecido em primeiro lugar em Copacabana, no Rio de Janeiro, com certeza já teria toda a estrutura da Marinha, Exército, Aeronáutica, enfim, todo a estrutura do Governo Federal já teria sido acionada. Mas, como foi no Nordeste, há essa letargia, essa demora para se tomar as providências e para acionar o Plano Nacional de Contingência”, especulou.
Tibério Limeira destacou as iniciativas tomadas pelos governos estaduais na tentativa de solucionar o problema. “É preciso reverenciar e elogiar as iniciativas tomadas pelos governos estaduais, como a reunião, no Palácio da Redenção, do governador João Azevedo (PSB) com diversos órgãos para tratar sobre esse tema no âmbito da Paraíba”, ressaltou o vereador, lembrando que governadores de outros estados do Nordeste também estão tratando do assunto.
O parlamentar elogiou ainda as pessoas que, mesmo sem condições ou equipamentos necessários, estão limpando óleo das praias. “É uma demonstração de força e heroísmo do povo nordestino, que está limpando as praias 'no braço'. São moradores e nativos fazendo a limpeza das areias e tentando amenizar o estrago e impacto ambiental”, afirmou. Tibério Limeira lembrou ainda a iniciativa de times de futebol, que deram visibilidade ao assunto durante jogos, e o Ministério Público Federal (MPF), que entrou com pedido na Justiça para que o Governo Federal acionasse o PNC em nove estados.
A vereadora Eliza Virgínia (Progressista) também não concordou com a atitude do Ministro do Meio Ambiente, porém parabenizou o trabalho realizado pela Marinha Brasileira até agora. “Acho que Ricardo Sales está errando, procurando o erro no lugar de socorrer de imediato. É importante resolver o problema primeiro, depois procurar os culpados. A participação da Marinha está sendo muito precisa, ela já recolheu 525 toneladas de óleo desde 2 de setembro. Sinto muito pela fauna e principalmente pelas famílias afetadas”, lamentou Eliza Virgínia.
Para Marcos Henriques (PT), são as Organizações Não Governamentais (ONGs), tão criticadas pelo Governo Federal, que estão junto à população fazendo o trabalho pesado de limpeza das praias. Ele ainda avaliou a gravidade do incidente. “É um desastre que vai refletir na posteridade”, pressupôs.