Vereador defende autonomia das universidades contra censura a debates ideológicos

por Haryson Alves — publicado 23/04/2018 21h00, última modificação 04/07/2019 13h43
Marcos Henriques (PT) foi procurado por estudantes e professores do ensino superior que alegaram represália por organizarem curso de extensão a respeito do ‘Golpe de 2016’

O vereador Marcos Henriques (PT) defendeu a autonomia universitária para que alunos e professores do ensino superior possam tratar livremente de conceitos, ideologias e correntes filosóficas. O parlamentar abordou o assunto, na manhã desta terça-feira (24), durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), após ter sido procurado por docentes e discentes universitários que alegaram sofrer represália em função de organizarem curso de extensão para tratar do ‘Golpe de 2016’, em alusão ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

“A autonomia universitária está ameaçada por setores de extrema direita. Recebi estudantes e professores de universidades que estão sofrendo ameaças, enfrentando processos judicias e já foram vítimas de confrontação violenta, inclusive, devido ao envolvimento com cursos de extensão a respeito do ‘Golpe de 2016’ e da recente prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT)”, afirmou Marcos Henriques.

Segundo o parlamentar, a ciência e a produção do saber não podem ser proteladas nem sofrerem censura por qualquer linha ideológica. “As universidades discutem com liberdade o pensamento liberal, o conservadorismo, dentre tantos outros, e em nenhum momento os professores são ameaçados ou coagidos a adotar pensamento diferente. Respeitam-se o pensador, o docente e o pensamento contraditório”, alegou o vereador.

Ao considerar tais práticas como perigosas, Marcos Henriques explicou que, por um lado, incitam a violência, e por outro, ferem a autonomia dos centros universitários. “As universidades devem ter pensamento livre, sendo capazes de suscitar o contraditório. É importante que cursos se organizem no ensino superior do País e do exterior, como tem acontecido com o curso a respeito do Golpe, pois eles refletem a realidade do Brasil, que deu um exemplo do que não se fazer com uma democracia”, alegou o parlamentar.

Apartes

Em aparte, a vereadora Eliza Virgínia (PP) defendeu que há quem não veja o impeachment de Dilma Rousseff como um golpe. “Há uma abordagem monocular nesse curso, que não está revestido de caráter acadêmico, mas travestido por ideais defendidos pelo PT e quem acha que o que houve foi um golpe. São esquerdistas doutrinando, em cursos feitos por professores e militantes de esquerda”, comentou.

“Lula antes de ser preso disse o seguinte: ‘que o magistrado votou pela opinião pública’. Eu confio e ainda continuo confiando na Justiça, agora eu clamo que essa Justiça siga retamente o que diz a Carta Magna implantada pela Constituinte de 1988. Sofro sim por esta prisão, pois Lula é um dos melhores e mais brilhantes presidentes do mundo. Vejo que o Supremo muda a Constituição de acordo com a opinião transmitida na Rede Globo de televisão. Mesmo assim, quero, num futuro bem próximo, ver esta página virada”, declarou João Almeida (Solidariedade).