Vereador denuncia situação precária e falta de atendimento em USFs de JP
Nesta segunda (29) e terça-feira (30), a Caravana da Oposição da Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) visitou pelo menos cinco Unidades de Saúde da Família (USF) na Capital. O assunto permeou o pronunciamento do vereador Bruno Farias (PPS), o primeiro a usar a tribuna na sessão ordinária desta quarta-feira (31). Entre os problemas relatados pelo parlamentar estão a falta de medicamentos, médicos e dentistas, salas de curativo e vacinação interditadas, infiltrações, rachaduras em paredes e mofo.
Dentre as USFs visitadas, Bruno citou problemas nas do Jardim São Paulo, adjacente aos Bancários; na comunidade Cidade Recreio, no Altiplano; do Colibris; Cristo e Esplanada.
“A rede de atenção básica da Capital está desmantelada e, por isso, a população sofre, o povo grita por socorro. Não é possível que a insensibilidade do Governo Municipal não enxergue o drama vivido pelos pessoenses que diariamente lotam as unidades de saúde da cidade”, afirmou Bruno Farias, que exibiu imagens dos locais visitados.
De acordo com o vereador, na USF da comunidade Cidade Recreio, no Altiplano, uma sala de exames estava cheia de móveis entulhados; na sala de exame citológico, materiais acondicionados de forma inadequada; no local onde é improvisada uma farmácia, a Caravana encontrou material de limpeza junto a medicamentos. “Faltam materiais para procedimentos, exames não são marcados, pois devem ser agendados em outra unidade, e nos deparamos com um paciente que espera há um ano e dois meses por um exame de próstata”, informou Bruno Farias.
Na USF dos Colibrís, no José Américo, o acesso à unidade é dificultado por uma rua sem calçamento, esburacada e com desníveis. “Para as pessoas com dificuldade de locomoção ou deficientes físicos é difícil ter acesso ao local. Um grafite ou pichação indica num muro onde fica a localização da unidade. Lá, apenas havia dois agentes de saúde, um deles, por desvio de função. Neste posto também não existe oferta de medicação nem marcação para exames”, comentou o vereador.
Segundo Bruno Farias, no Cristo, a Caravana deveria encontrar quatro médicos e quatro dentistas, pois a unidade deveria abrigar quatro equipes de USF. “Havia apenas um médico quando estivemos lá. A sala para atendimento médico tem infiltração e o ar condicionado não funciona. Já na sala de curativo, os funcionários não conseguem entrar no ambiente sem saírem espirrando devido ao mofo e infiltrações”, salientou.
De acordo com o parlamentar, no conjunto Esplanada, era pra ter quatro médicos e no momento da visita havia um. “Verificamos sala com infiltrações, sem climatização, o ar condicionado da farmácia quebrado há um ano e a cadeira para atendimento odontológico está deteriorada”, advertiu Bruno Farias.
O vereador ainda salientou que, além da infraestrutura, a Caravana se deparou com a ausência de medicamentos básicos, como dipirona, soro fisiológico, anti-inflamatório e antibiótico. “Os PSFs estão precisando de médicos que estejam contratados e prestando seus serviços no horário de trabalho, de medicamentos, de dentistas, de equipamentos, como um simples tensiômetro para verificar a pressão arterial. Fica nosso pedido para que o prefeito tenha olhos mais sensíveis. As pessoas estão dando um grito de socorro”, apelou o parlamentar.
Apartes
Na ocasião, alguns vereadores apartearam Bruno. “Esses PSFs são novos e recém-entregues. Os problemas foram causados por vandalismo, ou seja, falta de segurança, que é dever do Estado. Deveríamos comparar nossa situação com outras cidades e Estados para percebermos que João Pessoa é melhor que outros locais”, justificou João Almeida (SD).
Raíssa Lacerda (PSDB) disse acreditar que as denúncias expostas serão absorvidas pelo secretário de Saúde, Adalberto Fulgêncio. “Peço que vocês visitem as unidades de saúde estaduais, para que o discurso não se torne político. Que façamos visitas ao Hospital de Trauma e ao Arlinda Marques, onde crianças esperam por cirurgias há um ano”, sugeriu.
Para Marcos Henriques (PT), a chuva não é motivo de haver falta de médicos, medicamentos, dentistas, nem é causadora da espera de mais de um ano por exames que não são feitos. “A oposição cumpre seu papel, denunciando fatos concretos e solicitando que sejam resolvidos. A sala de curativos de uma das unidades foi interditada pelo Conselho de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB), em 2015, por não ter a menor estrutura e higienização para realizar procedimentos”, frisou.
“Acho que os vereadores da situação desviam o foco do tema da Saúde para criticas ao Governo Estadual por terem vergonha da Gestão Municipal em vez de justificar os problemas da cidade, que não são pontuais”, opinou Tibério Limeira (PSB).