Parlamentar condena esquerda por incitar ao ódio e vereador lamenta discursos que desqualificam este campo político-ideológico
A vereadora Eliza Virgínia (PP) defendeu que os movimentos esquerdistas incitam ao ódio, ao lamentar fala do colega de parlamento Tibério Limeira (PSB), que taxou o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), de fascista. Em seguida ao pronunciamento da parlamentar em tribuna, na sessão ordinária desta quinta-feira (31), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), o líder oposicionista Marcos Henriques (PT) lamentou os discursos que tentam desqualificar o campo político-ideológico de esquerda.
“Impressiona-me o nível de ódio que os esquerdistas estão tendo dos cristãos. O modus operandi da esquerda, além de produzir fake news ou meias verdades, é a incitação ao ódio. O que vi na última terça-feira (29), em uma audiência sobre liberdade de cátedra na educação, foi o vereador Tibério Limeira incitar estudantes ao ódio, ao sugerir atear fogo nos fascistas”, repudiou Eliza Virgínia.
A parlamentar se referiu à fala do socialista em que o vereador citou o presidente como uma pessoa preconceituosa, além de defender a importância da análise crítica, diante da sociedade e das conjunturas políticas, em detrimento à doutrinação. O parlamentar ainda comparou as realidades vivenciadas no Chile e Equador, destacando o que pode acontecer no Brasil em função das diretrizes seguidas pelo Governo Federal. “Quem analisar criticamente vai perceber que estamos num buraco, em que não sabemos onde está a saída. Cabe a nós lutar, desistir não é opção”, afirmou Tibério Limeira, terminando sua participação na audiência pública com um verso da música Pedrada, do cantor Chico César: “…Mas nós temos a pedrada pra jogar. A bola incendiária está no ar. Fogo nos fascistas. Fogo já...”.
De acordo com Eliza Virgínia, o parlamentar estaria chamando os brasileiros que votaram em Bolsonaro de fascistas. “O vereador compara o fascismo ao conservadorismo e às pessoas religiosas. Ao dizer que Bolsonaro é fascista, por sermos pró-presidente, também somos colocados como tal. Acho preocupante um vereador desta Casa incitar jovens da Escola Cidadã Integral Francisca Ascensão Cunha a queimarem cidadãos. O próprio Chico César já citou, em entrevista, que o entendimento da letra de sua música é poético, contudo, alertou que também poderia ser literal”, observou a vereadora, fazendo menção ao Minimanual do Guerrilheiro Urbano, obra de Carlos Marighella.
Tibério Limeira reafirmou tudo o que disse no evento. “Acho que o presidente que elegemos é fascista, e o trecho da música do paraibano Chico César foi coerente com o assunto sobre o qual tratamos naquele evento. Não me dirigi à vereadora em nenhum momento naquela audiência, me referi apenas ao presidente. Não deixo de defender o que acredito”, salientou.
Vereador defende campo político da esquerda
Realizando um discurso em tribuna, após a vereadora, Marcos Henriques defendeu que a discussão em torno de ‘atear fogo nos fascistas’ seria algo sem consistência, fugindo da dialética do que é esquerda ou direita. “Essa estória de desqualificar a esquerda não funciona. Foi nela em que encontrei inclusão social, a defesa dos mais humildes e vi relações serem construídas em patamar de igualdade. Isso, não encontro na direita”, relatou o líder oposicionista.
Na ocasião, Marcos Henriques justificou seu pensamento citando que a esquerda defende um Estado totalmente eficiente, algo diferente do que a direita prega em relação às privatizações. “A exemplo, as empresas estatais, hoje, trazem mais de R$ 70 bilhões para o Brasil. Querem privatizar por quê? Foi bom privatizar o sistema de telefonia brasileiro, que se tornou mais caro? A esquerda tem uma qualificação baseada naquilo que nós defendemos”, argumentou.
Segundo o líder da oposição, em função das políticas gestadas no atual Governo Federal, o Brasil de amanhã poderá ser o Chile de hoje, onde as universidades e o sistema de saúde foram privatizados. “Até agora, não conseguiram se sustentar. Adotaram uma falsa ideia de que estavam seguindo exemplos de países europeus. No entanto, a miséria foi instalada. As aposentadorias passaram a pagar uma miséria. E tudo isso está para ser aprovado neste governo Bolsonaro”, chamou à reflexão, Marcos Henriques.