Estudo da UFPB avalia impactos do isolamento na saúde mental da comunidade LGBTTQI+

por Haryson Alves publicado 22/06/2020 12h35, última modificação 22/06/2020 12h35
22/06/2020 às 12h30

Uma pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Saúde Mental, Sexualidade e Gênero da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investiga os impactos que o distanciamento social pode causar na saúde mental da comunidade LGBTTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Pessoas Intersex e demais identidades).

Segundo o estudo, coordenado pela professora Sandra Aparecida, com o apoio dos pesquisadores José Abraão, Ivoneide Lucena, Ana Pedrina e Rayane Neves, a qualidade de vida emocional dessa população pode ser agravada em um contexto de aumento das violências físicas, psíquicas e sexuais na quarentena, devido à pandemia do novo coronavírus.

De acordo com Rayane Neves, o trabalho pretende levantar, através de um formulário on-line, quais as principais situações de violência a comunidade LGBTTQI+ está passando. Serão analisados fatores como a prevalência dessa violência, o sujeito que a prática e principalmente se essas situações se agravam durante o período de distanciamento social.  

 “Podem participar pessoas da comunidade LGBTTQI+  que tenham idade entre 15 e 64 anos. Já colaborou gente do Amazonas, Pará, São Paulo e há grande percentual de participação de paraibanos, onde iniciamos o projeto”, conta a pesquisadora.

“Estamos divulgando nosso formulário para alguns grupos LGBTTQI+, como a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ANTRA). Esperamos que a pesquisa se propague mais e mais, com o objetivo principal de formular conhecimento nesse período atípico que vivenciamos”, diz Rayane.

A partir das respostas, os pesquisadores vão analisar, quantitativamente, variáveis como identidade de gênero e sexualidade, relacionando-as aos sintomas de transtornos mentais comuns. Além disso, pretendem estudar as violências físicas, psíquicas e sexuais e aspectos sociodemográficos e econômicos.

Conforme Rayane Neves, a pesquisa se encontra em sua fase inicial de coleta de dados, de produção, de material bibliográfico e de formulação sobre a temática. “Esperamos que seja finalizada em um ano e que os resultados dela sejam positivos para o estudo desenvolvido pelo grupo de pesquisa". 

O trabalho é um dos pioneiros sobre saúde mental da comunidade LGBTTQI+ durante a pandemia. Rayane relata que só tem conhecimento de apenas mais um grupo que se organizou para investigar essa problemática. Contudo, frisa que cada pesquisa se estrutura e tem dados diferenciados a partir da sua amostra.

“É bom que outros grupos também estejam cientificamente preocupados com a qualidade de vida desta comunidade específica, de forma que possamos comparar estatísticas e debater sobre as realidades registradas. Produzir cientificamente dados para esta pesquisa é crucial, uma vez que passamos por um período de subnotificação no nosso país, com uma crescente ideológica neofacista em nossa política”. 

Texto: Carlos Germano (Ascom UFPB)
Imagem: The Atlantic